“É preciso deixar de ser subserviente aos grandes interesses”

18 de março 2016 - 15:19

Catarina Martins afirmou que a ideia de uma economia exportadora para resolver o problema da liberalização do mercado na União Europeia foi um plano que "era uma treta".

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Foto de Paulete Matos

"Do ponto de vista desta ideia de economia exportadora que iria resolver o problema da liberalização do mercado dentro da União Europeia (UE), a única coisa que há a dizer é que o plano era uma treta. Agora temos que resolver e essa resolução exige passos complicados e exige, do ponto de vista europeu, abrir debates complicados e ter coragem para o fazer", afirmou, em Leiria, a porta-voz do Bloco.

Catarina Martins admitiu ainda que "é bom que uma economia exporte", e por isso defendeu as exportações da economia portuguesa.

Não há economia sem mercado interno”

"O que não existe é um país que viva das exportações. É preciso ter mercado interno, porque as exportações têm volatilidade. Nós devemos ter posições internacionais, mas um país para ter economia tem de ter mercado interno", sublinhou.

Perante esta quadro, a dirigente bloquista considerou que "nunca iria resultar acabar com o mercado interno para os produtores, achando que depois íamos exportar para a Rússia, porque a grande distribuição tem poder para os esmagar. Foi um plano que nunca foi bom."

Em relação às dificuldades que os produtores do setor primário estão a enfrentar, Catarina Martins considera que "está-nos a explodir o que foi feito".

"Foi feita uma liberalização completa de setores, acreditando que vinha aí uma economia exportadora e de baixos salários, que iria resolver todos os problemas. Depois ficámos com uma série de explorações no leite, nos suinicultores, em vários setores que são explorações pequenas e familiares, sem capacidade de impor os seus custos à grande distribuição que esmaga todas as margens e possibilidades de sobrevivência", avançou.

Catarina Martins disse ainda que é preciso "deixar de ser subserviente a grandes interesses", que "são os dos mais ricos do país e dos mais poderosos do mundo".

A dirigente do Bloco não deixou de lembrar que o "regime de austeridade baseia-se muito na destruição dos direitos mais básicos do trabalho". Portanto, uma das medidas propostas que, "até não tem impacto orçamental, é a reconstrução de direitos do trabalho".

o regime de austeridade baseia-se muito na destruição dos direitos mais básicos do trabalho

"Todas as medidas para reposição dos direitos do trabalho são essenciais para defender a economia e resgatar o país da austeridade", disse.

Respondendo ao tema do encontro intitulado "O que traz o Orçamento? O que quer o Bloco?" Catarina Martins respondeu que aquilo que "o Bloco quer é, acima de tudo que a democracia valha" e "para a democracia valer tem de se tomar decisões sobre a nossa riqueza, sobre os nossos setores estratégicos, como por exemplo, o nosso sistema financeiro".

"Estamos neste momento a perder numa luta sobre se o sistema financeiro há-de ser angolano ou espanhol, mas nunca em mãos nacionais para poder decidir. Isso precisa de escolhas claras sobre a necessidade de controlo público de setores estratégicos e de afirmarmos claramente quais são. Transportes, comunicações, energia e sistema financeiro são, sem dúvida, setores estratégicos", sustentou.

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