Paulo Fernandes é presidente do Conselho de Administração da Altri. É também presidente da Cofina. Até aqui nada de estranho, uma vez que a produtora de pasta de papel e o conglomerado de meios de comunicação social que detém, por exemplo, o Correio da Manhã, fazem parte do mesmo grupo económico.
Mas fala como se assim não fosse. À saída de uma audiência com Presidente da República, Paulo Fernandes separa os seus papéis de forma a que num momento esteja a defender a distribuição de dividendos de uma das empresas, em tempo de pandemia, e no seguinte a pedir um aumento de ajudas estatais para a outra.
Segundo o CEO da Altri, esta irá distribuir dividendos dada a sua “situação financeira muito forte”. Em comunicado datada de 13 de março, a Altri comunicou lucros de 100,8 milhões em 2019. Ainda assim uma descida de quase metade face a 2018. Serão distribuídos a 30 de abril, de acordo com a proposta do Conselho de Administração, 61,5 milhões de euros, trinta cêntimos por ação. Ou seja, 54% do lucro obtido. Paulo Fernandes diz que os lucros distribuídos este anos serão metade do ano passado, uma vez que “as condições obviamente exigem cautela”.
Segundo o presidente da Cofina, pele que Paulo Fernandes assumiu depois na mesma ocasião, o pacote de ajuda à comunicação social é “absolutamente insuficiente”. O grupo de comunicação social teve uma descida de receitas na ordem dos 50%, alega. Isto apesar de ter tido, o ano passado, um aumento de lucros de 7,5% acima do que registou em 2018.