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Diretora do FMI acusada de “amaciar” relatório a pedido do governo Bolsonaro

Depois de ser acusada de favorecer a China no relatório Doing Business enquanto era dirigente do Banco Mundial, Georgieva enfrenta uma nova investigação devido à sua ação no FMI. Cerca de 200 funcionários queixaram-se ao provedor da instituição.
Kristalina Georgieva, atual dirigente do FMI e ex-CEO do Banco Mundial. Foto Preiss/ MSC/wikimedia commons.
Kristalina Georgieva, atual dirigente do FMI e ex-CEO do Banco Mundial. Foto Preiss/ MSC/wikimedia commons.

São 194 os funcionários do Fundo Monetário Internacional que assinam uma petição dirigida ao provedor da instituição a exigir que a diretora Kristalina Georgieva esclareça a suspeita de “amaciar” um relatório que revelava riscos ambientais para a economia do Brasil.

A petição, revelada pela Bloomberg, segue-se à notícia deste órgão de comunicação social de que a análise da economia brasileira feita pelo FMI tinha sido suavizada depois do governo de Bolsonaro ter colocado em causa a linguagem utilizada. Georgieva garantiu entretanto internamente que os procedimentos habituais tinham sido seguidos.

A diretora do FMI fica assim ainda mais em causa depois de ter sido publicada em setembro uma auditoria da firma de advogados Wilmer Hale que mostrava que, quando era dirigente do Banco Mundial, a economista búlgara tinha pressionado “indevidamente” a sua equipa para favorecer a China na edição de 2018 do relatório “Doing Business”. Como resultado das pressões, feitas por vários quadros da instituição, a China ficou colocada em 78º lugar em vez de em 85º. Depois destas revelações da auditoria, o relatório “Doing Business” acabou por ser cancelado.

Na altura, o Conselho Executivo do FMI manteve publicamente “plena confiança” em Georgieva. Para a instituição, “as informações apresentadas no decorrer da sua investigação não demonstravam de forma conclusiva ter havido uma conduta imprópria da diretora em relação ao relatório Doing Business 2018, quando era CEO do Banco Mundial”. Ao mesmo tempo esclarecia que continuava “empenhado numa revisão completa, objetiva e oportuna” dos factos.

O caso continua em análise do lado do Banco Mundial, que pretende agora avaliar se houve conduta imprópria por parte de vários dos quadros e ex-dirigentes. Esta terça-feira, noticia a Reuters, a direção desta instituição recusou o pedido de Kristalina Georgieva de uma reunião para se defender das acusações. Este organismo do BM alega que seria “inapropriado” ouvi-la porque a atual investigação, também da responsabilidade da Wilmer Hale, não passa por si e porque quer prevenir “qualquer interferência da direção ou de terceiros” no inquérito em curso.

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