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Direito a Desligar: Socialistas juntam-se à direita para adiar lei europeia

“O Partido Popular Europeu (PPE, que junta os portugueses PSD e CDS) encontrou a forma de matar este relatório e conseguiu a proeza de pôr o relator socialista a fazer essa proposta”, acusou José Gusmão no debate sobre a iniciativa do Direito a Desligar, que teve lugar esta quarta-feira no Parlamento Europeu.
A iniciativa tem por objetivo proteger os trabalhadores dos contactos da entidade patronal fora do seu horário de trabalho. A passagem ao regime de teletrabalho foi uma consequência da pandemia, e trouxe com ela a multiplicação dos abusos patronais e nalguns casos a constante “invasão” dos contactos, seja através de e-mails, mensagens, telefonemas ou mesmo teletrabalho fora do horário laboral definido, durante as horas de descanso dos trabalhadores.
A intervenção que fiz hoje no debate sobre a iniciativa do Direito a Desligar, agora adiada por mais três anos pic.twitter.com/4oomFX57zu
— José Gusmão (@joseggusmao) January 20, 2021
Em Novembro de 2019, um estudo do Instituto Nacional de Estatística divulgou que quase 40% da população portuguesa já foi contactada pelos empregadores sobre questões laborais durante o seu horário de descanso, recorda o eurodeputado.
A emenda agora aprovada obriga a um adiamento por três anos da implementação da iniciativa não só envia a questão para o próximo mandato do Parlamento Europeu, como sobretudo “é uma péssima mensagem a enviar às dezenas de milhões de trabalhadores que estão atualmente em teletrabalho”, afirmou José Gusmão, um dos relatores da iniciativa, durante o debate.
Para Gusmão, o objetivo deste adiamento “é claro: chutar para a frente uma questão fulcral em tempo de pandemia, para uma altura em que boicotá-la chame menos à atenção e em que estará também a terminar o presente mandato”.
“Este direito precisa de ficar claro na legislação agora, porque é agora que o problema dos trabalhadores está intensificado pela pandemia, com a predominância do teletrabalho. É evidente que este estado de constante “conexão” gera situações de desgaste e é prejudicial para a saúde mental, bem como para a vida social e familiar de quem trabalha”, afirmou José Gusmão, lamentando que os maiores partidos do Parlamento Europeu tenham escolhido uma “posição vergonhosa e injustificável que vai contra os interesses de quem trabalha na UE, continuando a privilegiar a impunidade do abuso laboral”.
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