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Diálogo com a Catalunha “vai ser longo”, avisa primeiro-ministro espanhol

Os presidentes dos governos espanhol e catalão reuniram-se esta quinta-feira para dar início ao processo de diálogo sobre o conflito político que tem abalado o país.
Pedro Sánchez e Quim Torra.
Pedro Sánchez e Quim Torra. Foto do governo catalão/Twitter.

A “mesa de diálogo” entre os governos de Espanha e da Catalunha foi uma das condições impostas pela Esquerda Republicana Catalã para dar o seu voto à investidura do primeiro-ministro espanhol. E teve esta quinta-feira o seu primeiro momento, com uma reunião entre Pedro Sánchez e Quim Torra no Palácio da Generalitat, em Barcelona.

À saída do encontro, o primeiro-ministro espanhol afirmou que “a autodeterminação e as questões levantadas pelo presidente do ‘govern’ se alguma coisa mostram é que estamos ante um diálogo que vai ser longo, não vai ser fácil, muito complexo, mas é um caminho que temos de fazer passo a passo”.

Pedro Sánchez acrescentou que as propostas feitas por Torra mostram também o quão afastadas estão as posições dos dois governos. Mas houve acordo para arrancar com os trabalhos de uma comissão bilateral ainda durante o mês de fevereiro e encabeçada pelos líderes de ambos os governos. O líder do governo espanhol diz estar pronto “a retomar a senda da política, deixando para trás a judicialização” do conflito.    

“O balanço da última década é lamentável. Ninguém ganhou. Todos perdemos. Ninguém pode sentir-se orgulhoso nem satisfeito com esse balanço”, prosseguiu Sánchez no fim de uma reunião que foi recebida por poucas dezenas de manifestantes a pedir liberdade para os presos políticos.

Respondendo aos partidos da direita que criticaram duramente a reunião, Sánchez afirmou que “podemos superar as reticências porque somos muitos mais os que apoiamos o diálogo. Os opositores do diálogo, ao verem que nada podem oferecer, vão acabar por se juntar ao acordo para não ficarem sozinhos”.

Quim Torra: “Sem resolver a prisão e o exílio não vamos resolver o conflito”

Do lado do presidente do executivo catalão, que atravessa uma crise política interna após ter visto cassado o mandato de deputado pela Junta Eleitoral, ficaram palavras mais cautelosas e a nota de “um diálogo sereno e cordial” com Sánchez neste encontro. “Oxalá não tivesse custado tanto para que o ‘sit and talk’ fosse possível”, afirmou. Mas “agora é preciso passar da cordialidade às propostas”, acrescentou Quim Torra, colocando a questão dos presos e exilados como uma condição para resolver o conflito político entre a Catalunha e Madrid.

“Disse-lhe que é preciso reconhecer a questão da prisão e do exílio como sendo parte da solução, sem resolver a prisão e o exílio não vamos resolver o conflito”, avisou. Quanto ao futuro das negociações, Quim Torra diz saber o que vai defender, mas lamenta que “ainda não se saiba hoje qual é a proposta do governo” espanhol.

“Sobre a autodeterminação, a posição do governo não se mexeu, autogoverno dentro da Constituição, e não tive resposta sobre o fim da repressão”, prosseguiu Quim Torra.

 

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