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Dezenas de milhares manifestaram-se por melhores salários e direitos

A manifestação nacional da CGTP foi a maior dos últimos anos e voltou a exigir ao governo a valorização dos salários e dos direitos de quem trabalha.
Manifestação encheu Aveinida da Liberdade, em Lisboa. Foto Tiago Petinga/Lusa

No final da manifestação, Arménio Carlos não escondeu a sua satisfação pela adesão de “muitas dezenas de milhares de trabalhadores” que percorreram a Avenida da Liberdade esta quinta-feira à tarde.

A maior manifestação sindical dos últimos anos trouxe “um sentimento de alerta e descontentamento, mas também de esperança”, referiu Arménio Carlos aos jornalistas.

Para além do aumento de salários, os trabalhadores pretendem “travar a proposta de lei do governo para a revisão das leis do trabalho”, nomeadamente as normas mais gravosas que agravam a precariedade e subtraem direitos a quem trabalha, destacou o líder da CGTP.

Mas o governo tem também a responsabilidade de “resolver os problemas dos professores, dos enfermeiros e dos funcionários judiciais”, prosseguiu Arménio Carlos, referindo-se a alguns dos setores profissionais em luta.  

Por outro lado, as negociações que decorrem na especialidade sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano devem ser uma oportunidade para aumentar o salário mínimo e os salários dos funcionários públicos, bem como para “atualizar os escalões do IRS e torná-lo mais progressivo”, defendeu Arménio Carlos, concluindo que “o país só pode crescer sustentadamente se tivermos melhores salários e condições de vida”.

No seu discurso, o líder da CGTP insurgiu-se ainda contra as maiorias absolutas, recordando que “se houve avanços em relação a algumas matérias só foram possíveis, porque o Governo do PS não teve maioria absoluta e teve de negociar com o PCP, o Bloco e o PEV”.

 

José Soeiro: “Reivindicações dos trabalhadores devem merecer uma resposta do governo”

O deputado bloquista José Soeiro participou na manifestação e levou a solidariedade do Bloco com as reivindicações expressas nas palavras de ordem.

Para além de “exigir a integração dos precários”, o Bloco acompanha a reivindicação “que quer no setor privado quer no público se possa ter melhores salários e viver com dignidade”, afirmou o deputado aos jornalistas.

José Soeiro destacou algumas propostas que se encontram no debate em especialidade no parlamento, como as alterações às leis laborais “para combater o abuso da precariedade, seja nos contratos a termo seja no trabalho temporário ou falsos recibos verdes”.

Outra proposta visa impedir que o patronato possa fazer caducar unilateralmente as disposições da contratação coletiva, o que tem dado origem a situações como a das trabalhadoras da limpeza industrial, que “estão há dez anos sem aumentos porque os patrões deixaram caducar a contratação coletiva”

“Um governo que não ouça as reivindicações dos trabalhadores é um governo que fica sem responder a estas exigências. E elas devem merecer uma resposta”, defendeu José Soeiro. No que respeita ao aumento do salário mínimo, que pelo acordo entre PS e Bloco após as eleições legislativas aumentou em cada ano desta legislatura, Soeiro afirmou que “as condições de crescimento económico do país permitem ir além do que previmos em 2015”, pelo que em janeiro de 2019 “estamos em condições de ter um salário mínimo claramente acima dos 600 euros”.

Quanto às contrapartidas exigidas pelo patronato em troca desse aumento, o deputado do Bloco diz que essa é uma exigência que não encontra justificação na realidade. É que ao contrário do que as confederações patronais previam em 2015, “o salário mínimo aumentou sem contrapartidas e o efeito foi o crescimento do emprego e do consumo interno, ajudando as PME”, resumiu Soeiro, lembrando que as previsões patronais de aumento do desemprego e crise nas empresas caso aumentasse o salário mínimo foram desmentidas pela realidade que o país assistiu nos últimos três anos.

 

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