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Desinformação nas redes, a nova realidade das campanhas políticas
Bots, trolls, contas falsas, noticias falsas, são termos que se têm tornado familiares nos últimos anos, à medida que as redes sociais ganham centralidade no espaço público. Em Portugal, embora se esteja longe de escândalos como o da Cambridge Analytica, este tipo de práticas tem feito caminho. Na atual campanha eleitoral, por exemplo, o "barómetro" que a TVI divulgou nas suas entrevistas a líderes partidários suscitou apreensão, noticia o jornal Público em reportagem sobre o caso.
A TVI entrevistou nas últimas semanas os líderes dos partidos com assento parlamentar no programa "Tenho uma pergunta para si". Durante as entrevistas, o canal instava os espetadores a classificar o desempenho dos entrevistados no Twitter com os hashtags #Bem e #Mal. Assunção Cristas (CDS), André Silva (PAN) e Rui Rio (PSD) tiveram nota positiva; António Costa (PS) e Catarina Martins tiveram nota negativa.
Para lá dos resultados, a grande disparidade de valores entre candidatos, ao arrepio de indicadores mais fiáveis como a força eleitoral de cada partido, convenceu muitos utilizadores das redes de que houve contas falsas a interferir nos resultados. Com efeito, segundo o Público, para cada entrevista foi possível encontrar dezenas de casos de contas falsas no Twitter, criadas nos dias das entrevistas, sem seguidores e sem seguirem ninguém, cujas únicas publicações eram promoções repetidas dos hashtags #Bem e #Mal.
A desconfiança generalizada quanto aos resultados do barómetro da TVI pelo Twitter dominou aliás as redes sociais nos dias a seguir às entrevistas, segundo afirmou ao Público Gustavo Cardoso, investigador do ISCTE que coordena um projeto de monitorização de propaganda e desinformação nas redes sociais. O investigador disse-se alarmado com o caso e as reações, mas ressalvou que a nível internacional o panorama português da desinformação é ainda incipiente.
O Bloco de Esquerda é o único partido que tem um código de conduta para as redes sociais. O código, publicado em dezembro de 2018, compromete o Bloco e os seus representantes a só publicar em nome próprio nas redes, a rejeitar e condenar toda a divulgação deliberada de informação falsa, a não criar contas falsas, não comprar seguidores nas redes sociais, não organizar intervenções hostis nos espaços de outros partidos, entre outros.
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