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Deputados espanhóis querem travar exploração de urânio em Retortillo

O parlamento espanhol pediu ao novo governo para parar o projeto da mina de urânio junto à fronteira portuguesa. “Depois de Retortillo, tem de ser Almaraz já em 2020”, defende o deputado bloquista Pedro Soares.
Foto Esther S. Mate/Twitter

Os deputados espanhóis da Comissão de Energia, Turismo e Agenda Digital aprovaram por unanimidade um relatório sobre a atividade do Conselho de Segurança Nuclear (CSN), que inclui várias recomendações que afetam o projeto mineiro de Retortillo, perto de Salamanca, nomeadamente a da sua paralisação.

Entre as outras recomendações ao novo governo liderado pelo líder do PSOE, Pedro Sánchez, está a disponibilização de toda a informação sobre o projeto ao governo português, enquanto parte interessada e afetada, e a garantia de manutenção dos indicadores ambientais na zona. Até ao fim de julho, o CSN deve entregar um relatório acerca do estado atual do pedido de autorização para a construção da mina.

Para o deputado bloquista Pedro Soares, que tem participado nos protestos e também no diálogo com parlamentares espanhóis acerca deste projeto, a mudança de governo em Madrid foi um fator decisivo que “criou condições políticas para esta vitória da luta contra a mina de Retortillo-Santidad”. “O governo de Rajoy caracterizava-se pela arrogância e pela defesa dos interesses do oligopólio energético. Recusava-se a reconhecer os impactes transfronteiriços da mina, atitude que já se tinha manifestado quando da construção do armazém de resíduos nucleares em Alma”, afirmou Pedro Soares ao esquerda.net.

Classificando de “tímida” a reação dos governos portugueses “tanto no caso de Almaraz como no de Retortillo”, Pedro Soares considera que foram as mobilizações cidadãs dos movimentos ambientalistas e das populações “que exigiram medidas mais firmes de exigência dos nossos direitos, nomeadamente o da realização de estudos de avaliação de impactes transfronteiriços”.

“O fim da mina de Retortillo pode ser o prenúncio do "apagão" nuclear em Espanha”, defende o deputado do Bloco, lembrando que outra exigência da manifestação do passado sábado foi o encerramento faseado de Almaraz e das restantes centrais nucleares espanholas. “Depois de Retortillo, tem de ser Almaraz já em 2020 e todas as outras centrais que chegam ao limite dos 40 anos de operação e que Rajoy queria prolongar”, concluiu.

O projeto da empresa australiana Berkeley Energia, que esta quarta-feira celebrou a sua entrada na bolsa espanhola, tem sido contestado por ambientalistas e populações residentes nos dois lados da fronteira.

O parlamento português já aprovou resoluções a recomendar ao governo que pressione Madrid a parar a construção da mina, pelo risco de impacto ambiental em Portugal apontado pela Agência Portuguesa do Ambiente. Os responsáveis da empresa reagiram ao relatório da comissão parlamentar afirmando que “o projeto segue em frente”.

Ao longo de quarta-feira houve protestos contra o projeto da mina de urânio em Salamanca, depois de no passado sábado se ter realizado uma manifestação promovida por organizações ambientalistas portuguesas e espanholas.

 

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