O documento é divulgado por ocasião da tomada de posse do novo presidente da Bolívia, Luís Arce e do vice-presidente David Choquehuanca, que decorreu neste domingo, 8 de novembro de 2020, na capital da Bolívia, La Paz.
Publicamos aqui o texto completo da declaração, assim como a lista de signatários/as e respetivos países:
Declaração de La Paz: Em defesa da democracia
A crise ligada à grave pandemia que atinge a humanidade pôs em evidência as principais debilidades das nossas formas de organização social: a fragilidade dos sistemas de saúde e dos serviços públicos; a erosão, resultado de anos de neoliberalismo, dos mecanismos de proteção social de que dispõem os Estados; a insustentabilidade social, económica e ecológica dos modelos dominantes de extração para exclusivo benefício empresarial; e, com uma intensidade especialmente preocupante, os perigos que enfrentam os sistemas democráticos em todo o mundo.
Hoje a democracia está ameaçada, basta analisar os acontecimentos políticos dos últimos meses na Bolívia, país anfitrião desta Declaração, para constatar que a principal ameaça à democracia e à paz social no século XXI é o golpismo da extrema direita.
Uma extrema direita que se expande a nível global, que propaga a mentira e a difamação sistemática dos adversários como instrumentos políticos, apelando à perseguição e à violência política em diferentes países. Promove desestabilizações e formas antidemocráticas de acesso ao poder.
Esta ação antidemocrática é potenciada onde encontra poderes comunicacionais ao seu serviço que, acumulando um imenso poder de influência, pretendem manipular e tutelar as democracias em defesa dos seus interesses políticos e económicos.
Reunidos em La Paz por ocasião da tomada de posse de Luis Arce como presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, país que se tornou referência internacional na resposta cidadã ao golpismo, os signatários desta Declaração, governadores, ex-presidentes e líderes progressistas nos nossos respetivos países da Ibero-América e da Europa, afirmamos o nosso compromisso histórico de trabalharmos em conjunto pela defesa da democracia, da paz, dos direitos humanos e da justiça social face à ameaça que representa o golpismo da ultradireita.
La Paz, 8 de novembro de 2020
- Bolívia: Evo Morales (ex presidente) y Luis Arce (presidente eleito)
- Argentina: Alberto Fernández (atual presidente)
- Espanha: José Luis Rodríguez Zapatero (ex-presidente do conselho de ministros) e Pablo Iglesias (atual vice-presidente do conselho de ministros)
- Brasil: Dilma Rousseff (ex-presidenta)
- Equador: Rafael Correa (ex-presidente) e Andrés Arauz (candidato à presidência)
- Grécia: Alexis Tsipras (ex-primeiro ministro)
- Chile: Daniel Jadue (candidato à presidência)
- Colômbia: Gustavo Petro (candidato a la presidência)
- Peru: Verónica Mendoza (candidata à presidência)
- França: Jean Luc Melenchon (líder da França Insubmissa)
- Portugal: Catarina Martins (líder do Bloco de Esquerda)
Tradução de Carlos Santos para esquerda.net