Dados do BdP comprovam que Portugal é o paraíso dos especuladores imobiliários

31 de agosto 2023 - 13:20

No primeiro semestre de 2023, o investimento direto estrangeiro ascendeu a 2002,18 milhões de euros, dos quais 1881,08 milhões, ou seja 93,9%, foram canalizados para o investimento imobiliário. Peso deste tipo de investimento quase duplicou em 15 anos.

PARTILHAR
Foto de Ana Mendes.

Dados do Banco de Portugal mostram que Portugal constitui, de facto, um paraíso para os especuladores, com 93,9% do investimento direto estrangeiro a corresponder a investimento imobiliário realizado por não residentes em Portugal.

No primeiro semestre de 2023, o investimento direto estrangeiro ascendeu a 2002,18 milhões de euros, dos quais 1881,08 milhões correspondem a investimento imobiliário realizado por não residentes em Portugal. O peso do investimento imobiliário no cômputo geral do investimento direto estrangeiro quase duplicou em 15 anos e, em termos de transações, o primeiro semestre deste ano foi aquele em que o imobiliário atingiu o peso mais elevado em percentagem do total do investimento direto estrangeiro registado nesse período.

Em termos geográficos, ganha relevo o investimento realizado por investidores residentes em países europeus (980,6 milhões). No que respeita à origem dos investidores, segue-se a Ásia (513,7 milhões de euros) e o continente americano (298,6 milhões de euros).

Os preços das casas têm atingido recorde sucessivos em Portugal, sendo que uma das explicações mais importantes para esta situação descontrolada é a crescente procura por parte de investidores estrangeiros com enormes recursos.

Em países como o Canadá, Nova Zelândia ou nas ilhas de Ibiza, Maiorca e Menorca, foi proibida a venda de casas a não residentes. Já em Portugal, o projeto do Bloco para proibir a “venda de imóveis em território nacional a pessoas singulares ou coletivas, com residência própria e permanente ou sede no estrangeiro” não contou com o aval da maioria socialista.

Tal como tem defendido o Bloco, as medidas previstas no pacote Mais Habitação não só não resolvem a crise da Habitação como são "uma borla à especulação", com os investidores estrangeiros a verem os seus interesses garantidos em detrimento das condições de vida das famílias portuguesas.