Dados do Banco de Portugal mostram que Portugal constitui, de facto, um paraíso para os especuladores, com 93,9% do investimento direto estrangeiro a corresponder a investimento imobiliário realizado por não residentes em Portugal.
No primeiro semestre de 2023, o investimento direto estrangeiro ascendeu a 2002,18 milhões de euros, dos quais 1881,08 milhões correspondem a investimento imobiliário realizado por não residentes em Portugal. O peso do investimento imobiliário no cômputo geral do investimento direto estrangeiro quase duplicou em 15 anos e, em termos de transações, o primeiro semestre deste ano foi aquele em que o imobiliário atingiu o peso mais elevado em percentagem do total do investimento direto estrangeiro registado nesse período.
Em termos geográficos, ganha relevo o investimento realizado por investidores residentes em países europeus (980,6 milhões). No que respeita à origem dos investidores, segue-se a Ásia (513,7 milhões de euros) e o continente americano (298,6 milhões de euros).
Os preços das casas têm atingido recorde sucessivos em Portugal, sendo que uma das explicações mais importantes para esta situação descontrolada é a crescente procura por parte de investidores estrangeiros com enormes recursos.
Em países como o Canadá, Nova Zelândia ou nas ilhas de Ibiza, Maiorca e Menorca, foi proibida a venda de casas a não residentes. Já em Portugal, o projeto do Bloco para proibir a “venda de imóveis em território nacional a pessoas singulares ou coletivas, com residência própria e permanente ou sede no estrangeiro” não contou com o aval da maioria socialista.
Tal como tem defendido o Bloco, as medidas previstas no pacote Mais Habitação não só não resolvem a crise da Habitação como são "uma borla à especulação", com os investidores estrangeiros a verem os seus interesses garantidos em detrimento das condições de vida das famílias portuguesas.