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Cyberbullying: a pandemia que alastrou durante o confinamento

Em três meses de confinamento, mais de 60% dos jovens terão sido vítimas de cyberbullying, concluiu o estudo “Cyberbullying em Portugal durante a pandemia da covid-19”. Os danos provocados deixam os agressores indiferentes ou mesmo alegres.
Telemóvel com aplicações entre as quais o TikTok. Foto de Aaron Yoo/Flickr.
Telemóvel com aplicações entre as quais o TikTok. Foto de Aaron Yoo/Flickr.

Com o aumento de horas frente aos ecrãs, as agressões por via digital aumentaram exponencialmente durante os três meses de confinamento, com pelo menos 60% dos estudantes a confirmarem terem sido vítimas de alguma forma de cyberbullying, noticia o jornal Público.  

Segundo o estudo realizado pelo Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE, o fenómeno terá atingindo novos níveis de gravidade com os agressores não só a sentirem-se indiferentes mas também alegres perante as consequências dos seus ataques.

As agressões vão dos insultos à partilha de fotos íntimas ou incitações ao suicídio e tomam as mais variadas formas de comunicação, sejam mensagens diretas, grupos de messenger ou outra plataforma.  

Dos 485 inquiridos, com idades entre os 16 e os 34 anos, 61,4% confirmaram serem terem sido vítimas algumas vezes no período de três meses. 44,7% declararam também ter passado mais de seis horas diárias na internet, sobretudo nas redes sociais (94,8%) ou blogues (72,6%).

Estes números contrastam com o estudo da UNICEF de 2017, onde o fenómeno já assumia um impacto preocupante mas abaixo do agora verificado, com um em cada três alunos a declarar ser vítima de cyberbullying, e um em cada cinco a abandonar a escola devido às agressões por via digital.

Mas é nos agressores que surgiu a maior surpresa do estudo, uma vez que não só 41% se assumiu como autor dos ataques como 29,4% se mostraram indiferentes ao sofrimento provocado e 9,1% sentiram alegria. Do grupo de agressores, apenas 16% admitiram sentir culpa.

“Por brincadeira”, é a justificação de 41,4% dos inquiridos para as agressões que fizeram. Dos restantes, 23,9% alegam necessidade de vingança em resposta a agressões anteriores e 10,2% por afirmação social entre os colegas.   

Em declarações ao Público, uma das autoras do estudo, Raquel António, considera que “muitas vezes, os jovens não têm consciência de que, ao carregarem no botão para partilharem determinado conteúdo, estão a magoar muito quem é visado naquela foto ou naquele post”. Ou seja, “partilham e comentam sem pensar nas consequências dos seus comentários”.

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