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“A Cultura em Portugal está a colapsar”

Centenas de trabalhadores dos espetáculos manifestaram-se este sábado em Lisboa por respostas urgentes para a sobrevivência do setor. Profissionais defenderam que é tempo de “os decisores políticos nos dizerem o que querem para Portugal e para as manifestações artísticas”.
Foto publicada na página de facebook de Ricardo Delgado.

O espaço exterior e a sala de espetáculos do Campo Pequeno foram palco para mais um protesto do setor da Cultura, que vive uma situação “trágica”. Atores e atrizes, técnicos e promotores de eventos, músicos… Foram centenas os profissionais que responderam à chamada da Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), marcando presença num protesto por medidas urgentes para o setor. Mesmo aqueles que não puderam estar presentes, como Sérgio Godinho, utilizaram as redes sociais para deixar mensagens de apoio à iniciativa.

“É uma situação muito trágica, porque deixámos de estar presentes no discurso, aliás nunca o estivemos, e é preciso [saber] se o Governo e os decisores políticos assumem que destroem a cultura num país, a identidade de um país, centenas de milhares de empregos, de vidas”, explicou Sandra Farinha, da direção da Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), em declarações à agência Lusa.

“A cultura em Portugal está a colapsar”, alertou Sandra Faria. É tempo de “os decisores políticos nos dizerem o que querem para Portugal e para as manifestações artísticas”, defendeu. A diretora da Força de Produção assinalou que o setor reúne “130 mil trabalhadores” e afirmou acreditar que a cultura é “um bem essencial do país” e que é “merecedora de um tratamento e olhar em detalhe”.

Na quarta-feira, a direção da APEFE emitiu um comunicado intitulado “Quem assume a decisão de acabar com a cultura? Um manifesto pela sobrevivência da cultura em Portugal”, em que se assinala que os eventos culturais registaram, entre janeiro e outubro deste ano, uma quebra de 87% face a 2019. A Associação estima que, com as novas medidas de restrição, esta quebra possa atingir os 90%.

QUEM ASSUME A DECISÃO DE ACABAR COM A CULTURA? Um manifesto pela sobrevivência da cultura em Portugal / 19.NOV.2020

Publicado por APEFE em Sexta-feira, 20 de novembro de 2020

“Sem apoios concretos (...), o fim está próximo. Infelizmente para muitos, o fim já chegou”, lê-se na missiva. “O 25 de Abril para o país foi há mais de 45 anos, para a Cultura tem urgentemente de ser agora! Quem assume a decisão de acabar com o setor cultural em Portugal?”, pergunta a APEFE.

No documento são reivindicadas medidas que passam por “um apoio a fundo perdido da 'Bazuca Europeia' correspondente a 20% da quebra de facturação das empresas e a 40% no rendimento de artistas, técnicos e profissionais dos espetáculos, vulgo 'intermitentes'. Valor este a ser pago em duodécimos, de janeiro a dezembro de 2021”. É ainda reclamado “o adiamento, por mais um ano, das moratórias e dos créditos empresariais até setembro de 2022”, bem como o “acesso a linhas de crédito com carência de capital por um ano e meio e máximo 1% de spread e comissões bancárias incluídas”.

"Governo não pode continuar a ignorar esta situação de verdadeira catástrofe social"

As deputadas do Bloco Beatriz Dias e Isabel Pires estiveram presentes na manifestação "Pela Cultura", promovida pela APEFE, prestando a nossa solidariedade às trabalhadoras e aos trabalhadoras da Cultura.

"O sector da Cultura está a ser gravemente afetado pela pandemia. Milhares de trabalhadoras e as suas famílias perderam grande parte dos seus rendimentos, vivendo momentos dramáticos de incerteza e privação", escreveu Beatriz na sua página de Facebook.
 
"O Governo não pode continuar a ignorar esta situação de verdadeira catástrofe social", vinca a deputada bloquista.
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