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CTT: Trabalhadores em greve sexta-feira pelo futuro da empresa

Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações espera uma boa adesão à paralisação e ao protesto que parte do Marquês de Pombal, em Lisboa, às 14h30, na medida em que há “vontade de mostrar o desagrado” e que é preciso “reverter a privatização dos CTT”. Empresa continua a encerrar estações.
Foto de Hugo Evangelista.

“Estamos a pensar que vai haver uma boa adesão à greve. Ainda vamos ter mais uns dias para continuar a organizar o transporte, mas podemos dizer que, de fora de Lisboa, já estão garantidas 1.500 pessoas à data de hoje” para a manifestação, afirmou o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, durante uma conferência de imprensa.

Confiante de que este número “vai crescer nos próximos dois dias”, o dirigente sindical adiantou que os sindicatos contam com o apoio das juntas de freguesia e das câmaras municipais, que estão a assegurar o transporte.

No que concerne à paralisação nos estabelecimentos dos CTT, Vítor Narciso sinalizou que “a esmagadora maioria das estações vai abrir, mas isso não quer dizer nada”, já que haverá impactos no serviço prestado.

“Tudo isto para nós é significativo porque há aqui uma vontade de mostrar o desagrado e que é preciso mudar e isso é reverter a privatização dos CTT”, vincou.

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Os trabalhadores dos CTT protestam contra a degradação da qualidade do serviço universal postal, que se deve à falta de investimento em recursos humanos e em meios e equipamentos.

De acordo com o secretário-geral do Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (SINDETELCO), José Arsénio, desconvocar a greve e manifestação está fora de questão, “a não ser que o Governo venha anunciar a reversão da privatização” até sexta-feira.

José Arsénio salientou que estas ações “não têm a ver com política”, mas sim “com a unidade para um objetivo que é comum”, até porque abrangem autarquias de diferentes partidos e população de todo o país.

“Não podemos continuar a assistir a discursos em que se defende o interior e continuar este caminho”, vincou, referindo-se ao encerramento de balcões anunciado pela empresa.

Segundo Vítor Narciso, do SNTCT, “até agora fecharam 16 [balcões] e agora estão na lista uma série de estações em Lisboa, Coimbra, Porto e até capitais de concelho como Sátão”. “Eram 22 e serão 40”, apontou, prevendo que “a curto prazo possam ser 60 estações”.

No que respeita à redução de trabalhadores, o dirigente sindical sinaliza que “já vamos em 1.400 e, se as coisas continuarem assim, e a administração continuar a apostar em serviços financeiros e na banca em detrimento do serviço público, será muito mais”.

Em comunicado, o SNTCT destaca que “é visível, para quem o queira ver, que faltam trabalhadores e que a sobrecarga é enorme sobre os que restam”.

“Na generalidade dos serviços é flagrante a 'poupança' principalmente no número de trabalhadores, mas não só”, lê-se na missiva, na qual é sublinhado que a administração da empresa procura “assim esconder a realidade; que o que tem desequilibrado as contas dos CTT são as assessorias, contratações com chorudos ordenados e investimentos no Banco CTT”.

“A gestão dos CTT está descontrolada e urge pôr cobro ao desnorte antes que nada sobre da Empresa que também tu ajudaste a construir”, escreve o sindicato.

CTT: História de um assalto | ESQUERDA.NET

Empresa continua a encerrar balcões

Da lista de balcões já encerrados ou ainda a encerrar constam o da Junqueira, Olaias e Socorro em Lisboa, Avenida, em Loulé, Universidade, em Aveiro, Termas de S. Vicente, em Penafiel, Riba d’Ave, em Vila Nova de Famalicão, Paços de Brandão, em Santa Maria da Feira, Lavradio, no Barreiro, Asprela, Areosa, Amial e Galiza, no Porto, Freamunde, em Paços de Ferreira, Filipa de Lencastre, em Belas/Sintra, Camarate, em Loures, Praça da Republica, em Coimbra, Calheta, em Ponta Delgada, Barrosinhas, em Águeda, Arco da Calheta, na Madeira, Araucária, em Vila Real, Alpiarça, Alferrarede, Aldeia de Paio Pires, Almodôvar.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, o Bloco de Esquerda de Vila Real repudia o encerramento da estação dos CTT da Araucária, que teve lugar na passada sexta-feira.

“As promessas, tal como as soluções alternativas caíram por terra, e a Administração numa posição de veemente intransigência acabou na passada 6ª feira com um serviço que, na zona da Araucária servia centenas de pessoas diariamente, na sua maioria idosos, que terão assim dificuldades significativas em serem atendidas”, lamentam os bloquistas.

O Bloco de Vila Real escreve que “a criação de postos de atendimento é sem dúvida um fraco paliativo para responder às legítimas preocupações, e jamais uma solução para um problema que na realidade nunca existiu”.

“A loja da Araucária foi uma loja claramente lucrativa, com grande volume de público, que servia uma zona em expansão da cidade”, acrescenta.

Os bloquistas garantem que “em todos os pontos do país, e em particular nos locais onde a administração da empresa pretende encerrar balcões, continuarão a sua luta pelo retrocesso destas decisões, muito lesivas para as populações, reclamando com mais veemência a necessidade dos CTT voltarem a ser uma empresa do Estado”.

“Não desmobilizaremos e apelamos aos vila-realenses que lutem ao nosso lado e continuem a apoiar a mais recente iniciativa do Bloco de Vila Real - recolha de assinaturas para petição na Assembleia da República que possibilite o debate e a tomada de medidas concretas que obriguem a administração dos CTT a recuar”, lê-se na missiva.

 

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