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Crise climática: Precisamos de “uma mudança sem precedentes”

De acordo com a vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), as atuais emissões de gases com efeito de estufa podem levar a um aquecimento global de 3°, o dobro do acordado. Thelma Krug defende que “o tempo para a ação é agora”.
Foto de Markus Spiske.

Thelma Krug, integra o grupo do IPCC, responsável por analisar os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas e nas atividades humanas, e que, entre esta terça-feira e o próximo dia 1 de fevereiro, se encontra reunido em Faro.

“O nosso compromisso é comunicar a ciência da forma mais clara possível, para que ninguém diga que não está a conseguir entender. E o que nós comunicamos é muito claro. O tempo para a ação é agora, se realmente quisermos limitar o aquecimento global para termos os menores impactes possíveis amanhã. Porque na verdade, impactes vão mesmo acontecer”, afirmou Thelma Krug em declarações ao jornal Barlavento.

“Temos de tentar manter o aquecimento num ponto mais baixo, a 1,5º. Hoje estamos a 1º. Portanto, 1,5º está ao virar da esquina. Não temos a visão catastrófica que o mundo vai acabar. Mas dizemos que quanto mais demorarmos a agir, mais complicado será o dia de amanhã”, acrescentou.

Segundo a vice-presidente do IPCC, “ainda não é tarde demais” para reduzir as consequências das alterações climáticas, “mas isso vai requerer transformações que não têm precedentes na história”.

“Estamos a falar de uma revolução, ou pelo menos, de uma transformação muito grande. Como é sem precedentes, é fácil imaginar que vamos ter que repensar tudo”, vincou.

Em entrevista à Agência Lusa, Thelma Krug, fez ainda referência ao relatório do IPCC de outubro de 2018. No documento surge o alerta no sentido de que enfrentaremos grandes alterações climáticas se os Estados deixarem as temperaturas subirem acima de 1,5 graus celsius em relação à época pré-industrial, limite definido no Acordo de Paris. No entanto, a verdade é que as contribuições que cada país determinou “não estão numa trajetória de limitar o aquecimento a um nível baixo”, frisou a especialista, sinalizando que, “hoje, se somarmos todas as contribuições que foram colocados na mesa por todos os países, estamos muito mais numa trajetória de um aquecimento de três graus celsius, praticamente o dobro do que estaríamos a tentar alcançar para minimizar os potenciais impactos” das alterações climáticas”.

“O que esperamos é que os países, ao serem confrontados com este resultado, entendam que têm de fazer mais, a mensagem que estamos a dar é a de que não está a ser suficiente”, apontou.

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