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Crise ambiental agrava-se diz relatório da ONU

Estamos perante alterações climáticas, extinção massiva de espécies, degradação dos campos, aumento da poluição do ar, contaminação da água, dizem cientistas da ONU num relatório exaustivo. Razões acrescidas para a greve estudantil internacional marcada para esta sexta-feira.
Foto de Rasande Tyskar/Flickr

Não estamos no caminho para cumprir os objetivos ambientais propostos pelos vários tratados. Esta é a principal conclusão do relatório de 745 páginas intitulado GEO, Global Environment Outlook, lançado esta quarta-feira feira pela ONU: “os avanços são demasiado lentos para alcançar as metas ou inclusivamente progride-se num sentido errado”.

Os dados falam por si num relatório no qual participaram 250 cientistas de 70 países.

Alterações climáticas: “as provas da alteração climática atual são inequívocas” e “o tempo está a esgotar-se”. No último decénio registaram-se 8 dos 10 anos mais quentes desde que há registos. “A persistirem as emissões de gases de estufa, a temperatura média mundial continuará a aumentar (…) e superará entre 2030 e 2052 a meta do Acordo de Paris”, aumentando 1,5 graus a temperatura. É preciso reduzir a emissão destes gases entre 40% a 70% até 2050.

Biodiversidade: “está a acontecer uma extinção importante de espécies, comprometendo a integridade planetária e a capacidade da Terra para satisfazer as necessidades”. Por exemplo, 42% dos invertebrados terrestres, 34% dos de água doce e 25% dos marinhos estão em risco de extinção. E a extinção não é reversível. A abundância das populações de vertebrados terrestres reduziu-se em 60%.

Contaminação do ar: é causa de entre seis a sete milhões de mortes prematuras por ano, atingindo especialmente “os mais velhos, os mais novos, os mais doentes e os mais pobres.” É “o principal factor ambiental que contribui para a carga mundial de morbilidade”. 95% das pessoas residem em áreas com níveis de contaminação superiores aos recomendados.

Água: a qualidade da água potável está a piorar. A poluição das águas e as doenças associadas matam por ano 1,4 milhões de pessoas. Para além disto, oito milhões de toneladas de plástico por ano acabam nos oceanos, 70% dos recifes de corais estão em perigo e cerca de 35% das áreas húmidas do planeta desapareceram desde 1970.

Agricultura: a terra está cada vez menos fértil. 29% das terras estão degradadas, sendo difícil aí cultivar. Em 2050, quatro mil milhões de pessoas viverão em zonas desertificadas. E atualmente 33% da comida é desperdiçada.

O risco omnipresente e uma janela a fechar-se

Apesar dos dados e da palavra “risco” estar presente 561 vezes no relatório, os seus co-editores agarram-se à esperança. “Há todas as razões para estarmos esperançosos”, afirmam Joyeeta Gupta e Paul Ekins à Associated Press.

Não deixam, contudo, de acrescentar que apesar de “ainda haver tempo”, “a janela está a fechar-se rapidamente”. E não podia ser de outra forma. O relatório que assinam conclui que “atividades humanas insustentáveis degradaram globalmente os ecossistemas da Terra, ameaçando as fundações ecológicas da sociedade.” Por isso, “é necessário adotar medidas urgentes numa escala sem precedentes para deter e reverter esta situação e proteger assim a saúde humana e ambiental.”

Termos relacionados Greve climática estudantil, Ambiente
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