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Credit Suisse prepara-se para despedir milhares

Depois dos Swiss Leaks que mostraram como lucrou durante décadas com dinheiro proveniente do mundo do crime, do caso de corrupção das “dívidas ocultas” de Moçambique, entre outros, o banco suíço regista três trimestres consecutivos de perdas.
Credit Suisse. Foto de alex.ch/Flickr.
Credit Suisse. Foto de alex.ch/Flickr.

A administração do banco Credit Suisse está a conceber um plano que levará ao despedimento de milhares de trabalhadores ao nível com vista a diminuir os gastos em mil milhões de dólares no contexto de perdas sucessivas.

Segundo noticia o Bloomberg esta quinta-feira, será apresentado nos próximos meses um “plano agressivo” para reduzir os 51.410 trabalhadores da empresa. O mesmo órgão de comunicação social já dera conta o mês passado do início de um processo de dezenas de despedimentos nas operações asiáticas do grupo. Desta feita, estar-se-ão a “examinar ineficiências em postos intermédios e no back office para além de esforços para remodelar o banco de investimentos”, avança-se.

Ao nível oficial, os porta-vozes da empresa apenas dizem que farão “uma atualização sobre o progresso da nossa revisão ampla da estratégia quando anunciarmos os nossos ganhos do terceiro trimestre”, considerando “quaisquer notícias sobre potencias resultados antes disso inteiramente especulativas” mas aquele órgão de comunicação social cita fontes bem colocadas na empresa para garantir os despedimentos serão provavelmente os maiores desde 2016 quando foram despedidas 6.000 pessoas.

A entidade financeira teve um prejuízo de 1,63 mil milhões entre abril e junho. Sendo o terceiro trimestre consecutivo em que apresenta perdas.

Os maus resultados já tinham resultado na substituição da sua equipa executiva e de metade do seu Conselho de Administração ao longo dos últimos 18 meses e a semana passada Ulrich Koerner, um ex-executivo da UBS com já anos de experiência no Credit Suisse, substituiu Thomas Gottstein à frente do banco. Enquanto chefe de operações daquela empresa, recorda-se, Koerner despediu 15.000 trabalhadores em quatro anos.

Gottsein demitira-se considerando “dececionantes” os resultados económicos mais recentes “especialmente no banco de investimento” e justificando a situação com o contexto da guerra na Ucrânia e a inflação. Mas, para além disto, a empresa também está a sofrer os efeitos das perdas devido ao colapso do fundo de investimentos Archegos e da empresa de serviços financeiros Greensill e de vários escândalos a envolver a sua atividade.

O Credit Suisse admitiu culpa, aceitou pagar 22,6 milhões de dólares a 18 investidores norte-americanos e foi multado em 475 milhões de dólares devido à sua participação, em 2013, no caso de corrupção conhecido como das “dívidas ocultas”. Trata-se de um empréstimo fraudulento de mil milhões de dólares às empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM com o propósito de comprar barcos para a guarda costeira e a pesca do atum à Privinvest, uma construtora de navios do Golfo, mas parte do dinheiro acabou em bolsos privados, havendo lavagem de dinheiro e vários subornos. Os empréstimos foram secretamente avalizados pelo governo moçambicano sem conhecimento do parlamento e do Tribunal Administrativo.

Também foi multado o mês passado em mais de dois milhões de dólares por não ter tomado medidas para travar a lavagem de dinheiro de uma rede criminosa búlgara há 15 anos atrás.

Já para não falar dos Swiss Leaks, em fevereiro passado. O consórcio jornalístico OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project) trabalhou durante meses os dados enviados ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung que revelaram que o banco escondia dinheiro proveniente do crime.

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