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Covid-19: mais de quatro mil cancros podem ter ficado por diagnosticar

Mais de quatro mil pessoas podem estar com cancro sem saber. A estimativa sobre a ausência de diagnósticos de doença é feita pela Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG). Só na área dos cancros do aparelho digestivo são detetados todos os meses, em média, 1.440 tumores, nomeadamente através de colonoscopias, endoscopias e outros exames que desde a pandemia praticamente deixaram de se realizar.
Segundo o semanário Expresso, os prestadores de cuidados de saúde garantem que ficaram por fazer 20 milhões de atos, a maioria exames de diagnóstico e análises clínicas, e que a Liga Portuguesa Contra o Cancro parou os seus 30 mil rastreios mensais a tumores. Em média, em cada mil rastreios 2,5 dão positivo.
“No último mês, desde que o Governo decidiu suspender tudo o que não fosse urgente, estão congelados mais de dez milhões de atos só para utentes do SNS e mais de 20 milhões se incluirmos os beneficiários de subsistemas de saúde, como a ADSE”. As declarações são de Abel Bruno Henriques, secretário-geral da Federação Nacional dos Prestadores de Cuidados de Saúde, ao jornal.
“Produzimos mais de 90% dos atos em ambulatório, portanto o SNS está congelado. Temos contabilizada uma redução de 80% nas análises clínicas, 95% na imagiologia e 100% em exames de cardiologia ou de gastrenterologia, como endoscopias ou colonoscopias, por exemplo.”
“É uma pandemia paralela, que resulta do adiamento do diagnóstico e tratamento das restantes patologias”, explica Abel Bruno Henriques. As únicas áreas que se mantêm são a diálise e a radioterapia.
Os dados avançados têm por base os números mais recentes do Globocan, o observatório de cancro da Organização Mundial da Saúde. Os especialistas admitem que o primeiro mês de suspensão desta atividade terá impedido, no total, o diagnóstico de 4849 novas neoplasias. Entre elas, 856 colorretais, 581 da mama, 551 da próstata, 440 do pulmão, 240 do estômago ou 135 do pâncreas.
O Expresso diz ainda que o Governo anunciou que as doenças oncológicas são prioritárias, mas só as três unidades do Instituto Português de Oncologia (IPO) têm conseguido manter a atividade, ainda que com adaptações.
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