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“Corte do vencimento dos políticos está longe de ser o único corte por eliminar”

Na sua intervenção, o deputado e candidato pelo Porto José Soeiro lembrou o desaparecimento de Jorge Leite, referência incontornável do Direito do Trabalho em Portugal, defensor do “princípio de que não é o ser humano que existe para o trabalho, mas o trabalho que existe para o ser humano”, e que este “não vende nem o seu corpo nem muito menos a sua alma”.
“Devemos-lhe pelo exemplo, pelo entusiasmo e solidariedade” e pela noção de que o fundamento do Direito do Trabalho “é proteger o elo mais fraco”. E foi de proteção dos direitos dos trabalhadores que Soeiro mais falou, lembrando que muito há por fazer em áreas como os direitos dos trabalhadores por turnos, a justiça devida aos trabalhadores em outsourcing, o abuso do trabalho temporário, a implementação das 35 horas semanais no sector privado, a equiparação do mesmo patamar mínimo do subsídio de alimentação no público e no privado, ou a regularização dos vínculos precários.
Soeiro referiu também a proposta apresentada pelo líder do PS para acabar na próxima legislatura com o corte de 5% no vencimento dos políticos, justificando na entrevista dada ao Expresso que era a última reposição de cortes da troika que ficara por fazer na legislatura que agora termina.
“Como é possível que [António Costa] não se lembre que houve muitos cortes no vencimento durante o tempo de austeridade que ficaram por devolver?”, questionou José Soeiro, contrapondo que “o corte dos políticos está longe de ser o único a eliminar”.
E só não é o único porque “o PS juntou-se à direita no fim da legislatura para impedir o fim de todos os cortes que vinham de trás”, lembrou Soeiro, que participou ativamente no debate das leis laborais durante o seu mandato. Nesta eleição de deputados para a próxima legislatura, concluiu, está também em disputa “a força da esquerda para devolver ao mundo do trabalho o que lhe foi tirado”.
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