Convenção de Lisboa: Auditoria "para desarmar ideias feitas"

17 de dezembro 2011 - 19:28

A Convenção de Lisboa contou com 600 participantes para discutir e formalizar o arranque da Auditoria Cidadã à Dívida Pública portuguesa. Carvalho da Silva diz que ela vai servir para combater a propaganda de "que temos todos andado a viver acima das nossas possibilidades".

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Convenção de Lisboa no cinema São Jorge.

Reunida durante o dia de sábado no cinema São Jorge, a Convenção de Lisboa aprovou o projeto de resolução proposto e elegeu uma Comissão de Auditoria Cidadã (ver lista em baixo) que irá organizar o trabalho detalhado de verificação de "todos os compromissos assumidos direta e indiretamente pelo sector público administrativo, nomeadamente a dívida comercial, a dívida de privados garantida e/ou assumida pelo sector público, o endividamento das empresas públicas, as condições financeiras resultantes dos contratos das parcerias público-privadas, o endividamento contraído pela tutela e pelas regiões autónomas".



Isabel de Castro, uma das promotoras desta iniciativa, diz que os trabalhos da Convenção serviram para "uma primeira abordagem da metodologia para conhecer melhor a dívida pública. É um processo participativo e de transparência que queremos ver alargado". A ex-deputada dos Verdes disse ainda considerar "importante discutir como a dívida deve ser encarada no futuro: no que respeita aos vencimentos, prazos, juros que estão a ser cobrados. E para que com esse conhecimento se possa dizer preto no branco aquilo que manifestamente não deve ser pago".



Para o líder da CGTP, “esta iniciativa pode ser um contributo extraordinariamente importante para desarmar ideias feitas que estão inculcadas, metidas à força na cabeça das pessoas, como seja de que somos todos responsáveis, como se fossemos todos responsáveis por igual”. Carvalho da Silva não tem dúvidas de que "os grandes buracos que deram origem à situação em que estamos" foram "a utilização indevida de recursos que eram de todos e o encaminhamento para formas de funcionamento dos negócios que eram fraudulentos”.

O prazo para a realização desta auditoria foi estimado pelo ex-deputado do Bloco de Esquerda José Gusmão, que explicou que o objetivo inicial traçava que "durante o primeiro semestre de 2012 este trabalho fosse realizado e concluído, o que não impede que dentro de um a dois meses não possam ter alguns dados sectoriais já razoavelmente completos".



Eric Toussaint, fundador do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM), lembrou que "há várias iniciativas de auditoria cidadã na Europa" e anunciou aos participantes na Convenção que "dentro de três meses, teremos mais iniciativas em Espanha e Itália".



"A auditoria não é um mero exercício intelectual. É um instrumento para desenvolver mobilização, porque se identificarmos a parte ilegítima, temos de conseguir a anulação dessa parte ilegítima da dívida", acrescentou Eric Toussaint na sua intervenção no cinema São Jorge.


COMISSÃO DE AUDITORIA CIDADÃ – 17.12.2011

Adelino Gomes

Albertina Pena

Alexandre Sousa Carvalho

Ana Benavente

António Avelãs

António Carlos Santos

António Romão

Bernardino Aranda                                                  

Boaventura Sousa Santos

Eugénia Pires

Guilherme da Fonseca Statter

Henrique Sousa

Isabel Castro

Joana Lopes

João Camargo

João Labrincha

João Pedro Martins

João Rodrigues

José Castro Caldas

José Goulão

José Guilherme Gusmão

José Reis

José Soeiro

José Vitor Malheiros                                                  

Lídia Fernandes

Luís Bernardo

Luísa Costa Gomes

Manuel Brandão Alves

Manuel Carvalho da Silva

Manuel Correia Fernandes

Maria da Paz Campos Lima

Mariana Avelãs

Mariana Mortágua

Martins Guerreiro

Octávio Teixeira

Olinda Lousã

Pedro Bacelar de Vasconcelos

Raquel Freire

Ramiro Rodrigues

Sandro Mendonça

Sandra Monteiro

Sara Rocha

Ulisses Garrido

Vítor Dias