“Temos problemas mais graves do que o paradeiro de um computador, tema que ocupou três semanas do tempo mediático. É urgente recentrar o debate político. O nosso lado é a defesa do poder de compra do povo e da dignidade do Estado Social”, diz o apelo “Que se Lixe o Circo”, publicado na edição desta segunda-feira do jornal Público.
“É para dar voz a um país que não se contenta com o entretenimento informativo e quer a vida das pessoas no centro do debate político que, no próximo dia 3, exigimos que a salvação do SNS se transforme numa verdadeira emergência nacional”, defendem.
O texto é assinado por músico Carlão, a advogada Carmo Afonso, o jornalista Daniel Oliveira, o comediante Diogo Faro, a atriz e apresentadora Filomena Cautela, a fadista Gisela João, o pianista Mário Laginha, a professora aposentada Maria do Rosário Gama, a médica Isabel do Carmo, o economista Ricardo Paes Mamede e o médico e presidente da Associação dos Diabéticos José Manuel Boavida.
Perante as comunicações do Governo sobre o crescimento económico e as dificuldades sentidas no dia a dia da população, os subscritores veem semelhanças entre o atual discurso oficial e os tempos da troika, quando o atual líder do PSD, Luís Montenegro, dizia que a vida das pessoas não estava melhor, mas o país estava muito melhor.
Na situação atual, dizem assistir com estupefação ao divórcio entre o debate político e mediático e a vida concreta das pessoas. E consideram “incompreensível que as duas principais figuras do Estado se entretenham a medir forças entre si enquanto o país lida com dificuldades quotidianas”.
A prioridade dada às “novelas mediáticas” que secundarizam a crise social é acompanhada, na opinião dos subscritores, pela “tentativa de alimentar uma crise política artificial, instalando a ideia de que é preciso é mudar de governo sem que se discutam as grandes opções orçamentais”.
Mas “fora da bolha mediática onde Presidente da República e primeiro-ministro jogam o seu jogo cínico, o país tem tentado fazer-se ouvir”, prosseguem, dando os exemplos das manifestações dos funcionários públicos, dos jovens pelo direito à habitação e à vida justa, ou na próxima manifestação marcada para este sábado, 3 de junho, no Largo Camões em defesa do SNS.
“Há uma década gritámos: "Que se lixe a troika, queremos a nossas vidas". Hoje, é tempo de gritar: "Que se lixe o circo, queremos as nossas vidas”, conclui o texto deste apelo.