Em entrevista à agência Reuters, Vítor Constâncio avançou que “a turbulência grega levantou dúvidas” e que “estas dúvidas têm de ser agora sanadas por reformas institucionais adicionais”.
Questionado sobre quais foram as dúvidas sobre o euro que foram levantadas, o vice presidente do Banco Central Europeu referiu que a situação no país “levantou dúvidas para os mercados sobre a capacidade de países como a Grécia lidarem com os desafios da união monetária”.
“Nunca houve qualquer dúvida entre a maioria dos países membros. Mantemos que o euro é irreversível”, acrescentou, frisando que “legalmente, nenhum país pode ser expulso” e que “a perspectiva de que isso aconteça nunca foi real”.
Vítor Constâncio referiu que espera que o novo governo aplique escrupulosamente o programa acordado e que, se tal acontecer, deverá ter lugar um desmantelamento gradual dos controlos de capitais”.
Sobre a possibilidade de a dívida grega vir a ser reestruturada, Constâncio afirmou que espera que tal “não venha a ser necessário”.
BCE esteve sempre na linha da frente da chantagem contra o povo grego
Menos de um dia após a vitória do Syriza nas eleições gregas, Benoît Coeuré, membro do conselho executivo do banco, sublinhava que é necessário “cumprir as regras” e que “o seu desrespeito foi a principal causa da emergência da crise do euro”.
Benoît Coeuré deixava logo claro que o BCE não podia “concordar com qualquer redução da dívida que inclua os títulos detidos pelo BCE” e que o novo executivo helénico devia pagar, já que “são essas as regras do jogo europeu” e “não há lugar para um comportamento unilateral na Europa”.
No final de março, Mario Draghi, quando questionado pela eurodeputada bloquista Marisa Matias durante uma audição no Parlamento Europeu, confirmou que a saída da Grécia do euro estava a ser estudada pelo banco. Poucos dias depois, o BCE ordenou aos bancos gregos que não comprassem dívida do Estado grego. Poucos dias depois,
Os arautos do BCE continuaramm a prosseguir com a campanha de chantagem e de intimidação contra o povo grego.
Em abril, Ewald Nowotny, membro do Banco Central Europeu, afirmou, numa entrevista à CNBC, que uma saída da Grécia da zona Euro não teria "o impacto de há dois anos". "Não vejo um contágio em termos económicos e financeiros", destacou.
Já no final de junho, o BCE anunciou que não ia aumentar a liquidez dos bancos gregos, obrigando ao seu encerramento e à implementação de medidas de contenção nos levantamentos bancários”.
Em entrevista ao diário económico francês Le Echos, Benoît Coueuré voltou à carga, alertando que o Banco Central Europeu não excluía a saída da Grécia da zona euro e vincando que, se tal acontecesse, seria da responsabilidade do governo grego.
"A saída da Grécia da zona euro, que era uma hipótese teórica, já não pode infelizmente ser excluída", referiu o membro do conselho executivo do banco.