Está aqui

Começaram duas semanas intensas de “rebelião da extinção” global

Iniciou-se esta segunda-feira um período de duas semanas de protestos promovidos pelo movimento Extinction Rebellion. Cidades de 60 países do mundo vão assistir a ações de desobediência civil em nome da emergência climática.
Protesto climático na Potsdamer Platz, em Berlim. Outubro de 2019.
Protesto climático na Potsdamer Platz, em Berlim. Outubro de 2019. Foto de @janniswerner. Twitter.

Londres, Paris, Madrid, Berlim, Nova Iorque e Amesterdão foram algumas das cidades onde aconteceram esta segunda-feira ações de desobediência civil no âmbito do movimento de protestos climáticos globais. Bloqueios de estradas e de ruas, manifestações, acampamentos simbólicos, acorrentar-se a edifícios públicos foram várias as modalidade de protesto promovidas pela Extinction Rebellion.

A rede de organizações locais autónomas que se regem pelos mesmos princípios de não-violência fez sair milhares de pessoas às ruas em vários pontos do mundo, com foco importante na Europa. Lançada o ano passado, no Reino Unido, a Extinction Rebellion começou por fazer pequenas ações e a partir daí tornou-se um fenómeno global. Está atualmente presente em 50 países e o protesto destas duas semanas chegará a países tão diferentes como o México, a Turquia ou a África do Sul.

O pontapé de saída da mobilização passou sobretudo por países onde o movimento está organizado há mais tempo. Nomeadamente onde começou. Em Londres 276 pessoas foram detidas por bloquear a ponte de Westminster, perpendicular ao Parlamento, e Trafalgar Square. Houve quem se tivesse acorrentado a um carro funerário com um caixão que dizia “o nosso futuro” a contrastar comum desfile de milhares em ambiente festivo e com muitos tambores.

Em Amesterdão, cinquenta pessoas foram detidas depois de se deitarem nas ruas e de terem montado uma tenda nos acessos ao Rijksmuseum, um museu nacional da Holanda.

Em Berlim, cerca de mil manifestantes cortaram a praça Grosser Stern construindo uma arca para lembrar a extinção das espécies que estamos a enfrentar. Mais de dois mil assentaram arraias em Potsdamer Platz com sofás, mesas, tapetes, cadeiras e flores de onde deram mostras de não estar dispostos a sair tão cedo. Houve distribuição voluntária de alimentos e bebidas, workshops, e várias atividades lúdicas.

Na Alemanha os protestos ambientais têm sido significativos. Angela Merkel lançou um pacote de medidas climáticas que foi muito contestado por ser pouco ambicioso. E depois ainda cortou medidas.

Em Paris, na praça Chatelet também foram cerca de mil as pessoas que montaram acampamento, algumas das quais se acorrentaram. Algumas ruas adjacentes foram bloqueadas com palha e estruturas de bambu e também houve ações de formação e de lazer. No fim de semana, um grupo tinha ocupado o centro comercial Italie 2 durante 17 horas.

Em Nova Iorque aconteceu uma “marcha fúnebre pelo clima” em que vários ecologistas se cobriram com sangue falso e atiraram-no à famosa estátua de um touro, símbolo de Wall Street. Houve ainda um “die-in”, em que simularam a sua morte junto à bolsa, seguido de uma “rebel fest”. Cerca de trinta manifestantes foram presos.

O mesmo tipo de ação, o die-in aconteceu na Nova Zelândia ocupando a entrada do ministério do Trabalho. E ações semelhantes ocorreram na Austrália também com dezenas de detenções.

Em Madrid ativistas acorrentaram-se no centro da cidade e enquanto várias centenas de outros montaram tendas na zona conhecida como dos Novos Ministérios, onde fica o Ministério da Transição Ecológica. Destas ações resultaram 33 detidos.

Os protestos da Extinction Rebellion têm sido tranversais a todas as idades. Prova disso é que, no protesto de Londres, dois ambientalistas com mais de 80 estavam entre os detidos. Sarah Lasenby, de 81 anos, que declarou à Associated Press que “é imperativo que o governo tome medidas sérias e coloque pressão noutros Estados e poderes globais para reduzir radicalmente o uso de combustíveis fósseis” e Phil Kingston de 83, detido por pintar o ministério das Finanças com a mensagem a vermelho “vida, não morte para os meus netos”.

Termos relacionados Ambiente
(...)