Com os votos do PS, JPP, CH, IL e PAN, o Orçamento Regional da Madeira foi chumbado esta segunda-feira na Assembleia Legislativa Regional. O Governo liderado por Miguel Albuquerque, eleito já após a sua constituição como arguido no processo de corrupção que envolve vários governantes e empresários do arquipélago, só foi empossado graças à viabilização do Chega/Madeira, que chegou a anunciar a sua satisfação com as negociações orçamentais. Mas no início de novembro, o líder regional do partido da extrema-direita apresentou uma moção de censura, negando que a isso tivesse sido pressionado por André Ventura e alegando o motivo da constituição de novos arguidos entre os governantes. No entanto, a formulação do texto continha críticas ao PS que muitos consideraram que impossibilitava a aprovação por parte do maior partido da oposição. Tanto o PS como o JPP vieram confirmar que votariam a favor da moção de censura ao Governo que será discutida no dia 17 de dezembro.
Com o chumbo do Orçamento e a provável aprovação da moção de censura, tudo indica que o plano inicial do Chega/Madeira, que era afastar Albuquerque para a seguir manter a aliança com um novo líder do partido que governa a Região há meio século, não terá sucesso. Miguel Albuquerque fez questão de anunciar na segunda-feira que só saíra do cargo após a moção de censura e será de novo candidato, com esperança de que a vitimização possa revalidar a vitória alcançada nas eleições de maio.
Dina Letra: “Se houvesse o mínimo de ética republicana, Miguel Albuquerque já teria apresentado a demissão”
Nas sondagens divulgadas esta terça-feira pela imprensa madeirense, o PSD/Madeira continua a ter grande vantagem sobre os socialistas e o JPP e poderia obter a maioria aliando-se de novo ao Chega. A sondagem do Jornal da Madeira indica que o Bloco poderia também regressar ao Parlamento regional se as eleições se realizassem agora.
Em declarações a este jornal, a coordenadora regional bloquista diz que a sondagem confirma a opinião geral de “que o Bloco de Esquerda faz falta no Parlamento Regional”. Sobre a atual crise política, Dina Letra afirma que toda a gente já percebeu que “este governo vai cair”, e que a nova situação política abre “uma nova oportunidade de a esquerda, aquela que defende os madeirenses, os trabalhadores, o seu direito à habitação e a uma vida digna, voltarem ao Parlamento”.
Para Dina Letra, o grande responsável pela crise política é Miguel Albuquerque ao liderar “um governo sob suspeita”. E que “se houvesse o mínimo de ética republicana, Miguel Albuquerque já teria apresentado a demissão”. O Bloco/Madeira lamenta também que “a oposição tenha ficado refém de uma moção de censura apresentada” pelo Chega, quando devia ter tomado essa iniciativa logo a seguir ao escândalo da falta de resposta aos incêndios que devastaram parte da ilha no verão. Essa fraqueza dos partidos da oposição são outro sinal da falta que o Bloco faz no Parlamento madeirense.