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Com Natal à porta, trabalhadores do comércio protestam contra “desumanização de horários”

Os trabalhadores do comércio organizaram esta sexta-feira um cordão humano em Lisboa. Protestam contra a “violência e desumanização dos horários de trabalho”, exigem melhores salários e conciliação da vida profissional e familiar.
Cordão humano de trabalhadores do comércio em frente ao Centro Comercial Vasco da Gama. Dezembro de 2019.
Cordão humano de trabalhadores do comércio em frente ao Centro Comercial Vasco da Gama. Dezembro de 2019. Foto de Mário Cruz/Lusa.

O local escolhido para o protesto dos trabalhadores do comércio foi simbólico: o centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa. A época também: na altura do Natal os seu ritmos e horários de trabalho aumentam. E a forma que encontraram para expressar a sua indignação foi um cordão humano, com faixas onde se podiam ler palavras de ordem como “Fim aos precários!” ou “Violência e desumanização dos horários de trabalho”.

A ação desta quinta-feira foi organizada pelo CESP, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, e contou com a presença do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos. Na sua declaração à imprensa, este começou precisamente por sublinhar o simbolismo do local “onde as empresas ganham muito dinheiro e cada vez pagam pior aos trabalhadores”, “onde os trabalhadores trabalham muito, são sujeitos a intensíssimos ritmos de trabalho e onde são confrontados com a desregulação dos horários pondo em causa a sua vida pessoal e familiar”. Segundo o dirigente sindical, existem neste centro comercial situações de assédio.

Arménio Carlos também não deixou de criticar o que se passa no setor nesta altura do ano: “num quadro de aproximação do Natal aqueles que falam de solidariedade deviam ter mais responsabilidade social, aumentar os salários dos trabalhadores, respeitar os seus horários e acabar com a intensificação dos ritmos de trabalho e do assédio”.

O secretário-geral da CGTP aproveitou a oportunidade também para criticar “as injustiças laborais nas grandes empresas de distribuição (supermercados, hipermercados e grandes armazéns especializados) e nos centros comerciais”, esclarecendo que “o contrato retalhista não é negociado desde 2008 e que, nomeadamente, os das lojas têm um salário mínimo nacional ou um pouco acima disso”.

A ação pretendia por isso também apelar à solidariedade da população com estes trabalhadores e com a sua luta para descansarem aos domingos, que deveria ser uma oportunidade para “estarem com as suas famílias”.

Disso mesmo se queixou Luísa Alves, trabalhadora do Pingo Doce, em declarações à Lusa: “os horários de trabalho são completamente desregulados” e têm uma “influência negativa” nas relações familiares para além de serem “destrutivos até do ponto de vista psicológico”.

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