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Coletes Negros: centenas de migrantes sem documentos ocuparam o Panteão de Paris

Chamaram-se coletes negros. São cerca de 700 migrantes sem documentos a viver em França. Têm sido esquecidos mas querem ser ouvidos. Por isso ocuparam o Panteão francês. Saíram pacificamente do local quando a polícia chegou mas houve violência policial na mesma. 21 permanecem, até ao momento, presos.
Coletes Negros ocupam o Panteão em Paris.
Coletes Negros ocupam o Panteão em Paris. Foto de La Chapelle Debout.

700 migrantes ocuparam na tarde desta sexta-feira o Panteão de França. No topo das reivindicações apresentadas estava a exigência da regularização dos indocumentados que vivem em França. Desde 1981 que não existe um processo de “regularização excecional”. Por isso, queriam reunir-se com o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.

Os grupos Droits Devant e La Chapelle Debout apoiaram a ação. Este último grupo enviou há várias semanas uma carta ao primeiro-ministro francês pedindo para ser recebido por considerar que se agrava cada vez mais a situação das pessoas que pedem asilo no país e dos trabalhadores sem documentos. Ficou sem resposta.

No comunicado que divulgaram para apresentar a ação, os coletes negros diziam ser os “sem-papéis” mas também “os sem-voz, os sem-rosto para a República Francesa”, que a divisa francesa para pessoas como eles é “Humilhação! Exportação! Deportação!” Lembraram também que há trabalhadores que vivem nas ruas de uma cidade como Paris que tem 200 mil casas vazias. E apelaram à solidariedade de quem pensa que “nenhum ser humano é ilegal.”

A ativista portuguesa Luísa Semedo que trabalha com o coletivo La Chapelle Debout, também esteve presente. Em declarações à RFI explicou o que levou os migrantes a entrar no Panteão: “já há bastante tempo que fazem manifestações à porta de certos sítios, como a “Préfécture”, alguns centros de retenção – onde também já estive – mas não tem dado em nada, as coisas não têm avançado. Entretanto, decidiram fazer ações diretas um pouco mais simbólicas. Tendo em conta que nunca foram ouvidos até agora, tentam fazer de tudo para ser ouvidos”.

Luísa Semedo acrescenta que estes centros de retenção para migrantes “parecem prisões” e que os coletes negros são “as pessoas que têm maior precariedade e aqueles que têm menos hipóteses de se fazer ouvir”. Daí que façam “este tipo de acções mais simbólicas e mais mediáticas.”

Mas não foi só a atenção dos meios de comunicação que o protesto chamou. A polícia francesa depressa acorreu ao local. Os manifestantes saíram pacificamente mas, fora das instalações, a polícia reprimiu o protesto violentamente. E tratou de fazer 37 detenções. 21 manifestantes permanecem ainda detidos e aconteceu já mais uma manifestação à porta da esquadra.

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