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Circulação na via férrea em risco devido a vegetação excessiva

Os troços mais problemáticos estão entre o Louriçal e Leiria, na linha do Oeste, bem como no Minho e Douro.
Comboio de cereais na Linha do Oeste. Foto via flickr de Nuno Mourão, licença creative commons.

Os casos sucedem-se. No passado dia 29 de julho, a queda de uma árvore na linha Douro provocou atrasos entre 30 a 61 minutos em quatro comboios à saída Régua e do Pocinho. Na semana anterior, um ramo de sobreiro quebrou o espelho retrovisor de uma locomotiva de um comboio de mercadorias. É o sexto espelho quebrado nas locomotivas da Medway, a operadora ferroviária de mercadorias, numa sucessão de casos que se multiplicam um pouco por todo o país, noticia o jornal Público.

A vegetação extensa e abundante acompanha grande parte da rede ferroviária nacional. Segundo este jornal, a Infraestruturas de Portugal não tem sido capaz de manter uma desmatação preventiva consistente junto às vias férreas, exceto em intervenções pontuais para resolver urgências.

A CP afirma que tem sido “residual” o número de reparações em oficina provocadas por vegetação excessiva, parecendo ser sobretudo com os comboios de mercadorias que estas situações se registam. Mas o vice-presidente do Sindicato dos Maquinistas (SMAQ), António Alves, considera que “a queda de árvores e ramos de grande porte sobre a via, com o consequente risco de colisão, é um problema sério e vai além da simples quebra dos espelhos retrovisores porque retira visibilidade aos maquinistas e constitui um risco acrescido em caso de incêndios”, disse ao Público.

O espaço necessário para a passagem de comboios não se cinge à linha propriamente dita, e tem um nome: gabarito ferroviário. Qualquer vegetação que invada este espaço cria impedimentos sérios à visibilidade do maquinista, além de danificar material circulante e criar risco de incêndios que, além de impedirem a circulação, anulam a função de corta-fogo das vias férreas.

Os troços mais problemáticos estão entre o Louriçal e Leiria, na linha do Oeste, bem como no Minho e Douro. Várias secções destas linhas estão completamente cobertas por vegetação, com os comboios a circular quase dentro de um túnel. Basta chover para a vegetação se tornar pesada, danificando o material circulante.

É importante esclarecer que o material ferroviário não se danifica facilmente, estando preparado precisamente para lidar com vegetação e outros objetos que se encontrem dentro do gabarito ferroviário. Por isso, quando se registam danos, quer dizer são provocados por vegetação pesada, como troncos de média dimensão ou árvores tombadas sobre a linha.

Ao jornal, a Infraestruturas de Portugal afirma que “trabalha diariamente para assegurar as boas condições de segurança e circulação na sua infra-estrutura ferroviária” e que “tem vindo a consolidar a sua actuação no que ao controle de árvores nos limites da via-férrea – muitas vezes implantadas em terrenos particulares – e à gestão da faixa combustível diz respeito, atuando de forma preventiva e de acordo com os instrumentos legais e contratuais que tem ao seu dispor”.

Em total contradição com a Medway, afirma inclusivamente que “não recebeu qualquer reclamação dos operadores ferroviários na sequência de danos no material circulante causados por árvores ou vegetação”.

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