No debate sobre inclusão de estudantes com necessidades especiais no ensino superior, a bancada do Chega proferiu vários insultos dirigidos à deputada socialista e com deficiência visual Ana Sofia Antunes. O Bloco de Esquerda expressou a sua solidariedade com a deputada e criticou o Chega.
A deputada socialista confirmou à CNN Portugal que os insultos da bancada do Chega se têm “tornado frequentes”. Neste debate em particular, os deputados registam ter ouvido insultos como “aberração”, “drogada” e ainda “pareces uma morta”. Diva Ribeiro, deputada do Chega, acusou também Ana Sofia Antunes de apenas intervir nos debates parlamentares relacionados com a inclusão.
“Ontem [quinta-feira], no plenário da Assembleia da República, fui desrespeitada enquanto pessoa com deficiência. Eu sou uma pessoa com deficiência, sou uma pessoa cega congénita, vivi 43 anos com esta caraterística e orgulho-me muito daquilo que sou. Mas isso [os insultos] por si só seria grave, mas mais grave é o facto de terem sido ofendidas todas as pessoas com deficiência, rotuladas como incapazes, inábeis ou incompetentes. E é isso que não podemos aceitar”, disse a Ana Sofia Antunes.
Esta sexta-feira, à comunicação social, o líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, criticou a bancada de Chega por “de forma reiterada” atentar “contra a liberdade individual dos deputados e das deputadas”. O deputado expressou toda a solidariedade do partido com Ana Sofia Antunes.
“Agressões verbais, coação, ameaças e insultos não são uma novidade na sua forma reiterada e na sua intensidade desde que o Chega chegou à Assembleia da República, mas ontem passou-se mais uma linha”, disse. “Foram violadas praticamente todas as disposições dos estatutos dos deputados e do código de conduta”.
Fabian Figueiredo considerou como “inaceitáveis” os ataques do Chega e garantiu que não podem ser tolerados “em nenhum espaço da sociedade portuguesa, muito menos na Assembleia da República”. A bancada do Bloco de Esquerda deixou um apelo ao presidente da Assembleia da República para que “se solidarize de forma pública e institucional” com Ana Sofia Antunes e para que a Conferência de Líderes inicie um debate sério sobre “como lidar com o ataque reiterado à liberdade dos deputados”.