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Chefe da missão da UE exige demissão imediata do Primeiro-Ministro maltês
A confiança entre a União Europeia e Malta foi seriamente posta em causa e o Primeiro-Ministro deste país fez muito pouco para a restabelecer. A parlamentar europeia holandesa Sophie in ‘t Veld, chefe de missão da União Europeia neste país, justificou assim o pedido de demissão imediata do Primeiro-Ministro maltês considerando ainda que “é difícil ver como a credibilidade no cargo pode ser mantida” depois do que aconteceu na investigação sobre o assassinato da jornalista Daphne Caruana Galizia.
Face à gravidade da situação no país, o Parlamento Europeu decidiu enviar uma missão de emergência que se reuniu com Joseph Muscat e o seu ministro da Justiça Owen Bonnici. O resultado não foi o melhor. O que levou Veld a dizer à saída que não se sentia, depois desta, “com mais confiança”, acrescentando: “penso que toda a gente reconhece, incluindo o próprio Primeiro-Ministro, que ele cometeu erros graves de julgamento e diria que permanecer mais tempo do que necessário [no cargo] é outro erro de julgamento.”
Depois de, no momento em que rebentou o escândalo se ter recusado demitir-se, Muscat mudou de posição e anunciou a demissão para meados de janeiro, justificando que, assim, daria tempo para o Partido Trabalhista eleger uma nova liderança.
O Primeiro-Ministro de Malta viu o seu chefe de gabinete e amigo pessoal, Keith Schembri, ser detido, sendo acusado de ter sido o autor moral do assassinato da jornalista de investigação Daphne Caruana Galizia, assassinada em 2017, pouco tempo depois de ter denunciado o envolvimento de vários políticos e empresários em esquemas de corrupção. Yorgen Fenech, um patrão do setor hoteleiro e imobiliário, e Konrad Mizzi, ex-ministro do Turismo, também estão acusados no mesmo processo.
A demissão ao retardador não convenceu. O clima político no país continua ao rubro, com o principal partido da oposição a anunciar esta segunda-feira que vai boicotar o Parlamento até que Muscat se demita. Estes parlamentares deixaram a instituição enquanto lançavam notas falsas para o ar, um dos símbolos que tem marcado presença no parlamento.
O clima social também. Nesta terça-feira, a chegada do Primeiro-Ministro e do seu ministro da Justiça foi recebida com lançamento de ovos e insultos. Na segunda-feira passada, cerca de quatro mil manifestantes tinham conseguido bloquear momentaneamente a saída dos governantes do parlamento, enquanto gritavam “prisão” e “assassinos” sempre que estes tentavam sair. Muscat acabou por conseguir sair por uma saída secundária.
A família de Caruana Galizia também exigiu publicamente que Muscat seja investigado no âmbito deste caso e entregou um pedido legal nesse sentido.
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