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Centenas de pessoas em protestos contra a violência obstétrica
O Observatório de Violência Obstétrica em Portugal (OVO) promoveu um conjunto de manifestações, no dia 6 de novembro, contra a violência obstétrica.
Em causa estão o reconhecimento, pelo Ministério da Saúde, Direção Geral da Saúde e Ordem dos Médicos, da existência de violência obstétrica em Portugal bem como a reformulação do modelo de acompanhamento da gravidez, parto e pós-parto no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Pretendem também expressar solidariedade e dar visibilidade às vítimas de violência obstétrica e reclamar mais autonomia, individualidade e liberdade para as grávidas e parturientes.
As pessoas presentes nestes protestos lutam também contra o encerramento de maternidades públicas e crescente investimento indireto no setor privado de saúde, bem como pela indispensabilidade de equipas multidisciplinares na assistência à gravidez, parto e puerpério.
Em Lisboa, o protesto decorreu em frente a Assembleia da República e contou com a presença solidária de Beatriz Gomes Dias, vereadora do Bloco de Esquerda na Câmara Municipal de Lisboa.
A primeira manifestação organizada pela OVO decorreu precisamente há um ano, altura em que foi constituído o movimento #EuViVO. As reivindicações então apresentadas foram “ignoradas” considera a associação, acrescentando que “a luta pela humanização do parto em Portugal está longe de estar concluída”.
A OVO pretende também que o dia 6 de novembro seja reconhecido como o “Dia pela Eliminação da Violência Obstétrica”.
O que é a violência obstétrica?
Trata-se de um tipo de violência contra a mulher, praticada por profissionais que acompanham os vários momentos de gestação, do parto e do pós-parto.
Entre as práticas que podem ser consideradas violência obstétrica encontram-se a violência verbal, maus tratos, obrigação de não gritar ou de ficar quieta – por vezes implicando mesmo amarrar as mãos e/ou os pés.
Encontram-se também práticas como os toques vaginais sucessivos, a administração de ocitocina para acelerar o trabalho de parto, realização de episiotomia de rotina (corte entre a vagina e o perínio para alargar o canal de parto) ou realização de manobra de Kristeller (fazer pressão sobre a barriga da mulher para empurrar o bebé pelo canal vaginal).
È considerada violência obstétrica a aplicação de medidas como a obrigatoriedade de retirar os pelos púbicos, de efetuar clisteres, impedir a mulher de se alimentar ou de beber líquidos.
Também configuram violência obstétrica o afastamento da mãe do recém-nascido bem como o impedimento de amamentar a criança na primeira hora de vida (se for esse o objetivo da mãe).
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