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A censura obrigou o Governo a vir prestar contas ao parlamento e ao país

As moções de censura ao Governo do Bloco de Esquerda e do PCP marcaram esta semana parlamentar. Com este debate, entraram na Assembleia da República os argumentos, a determinação e a ampla convergência na censura ao Governo e à Troika, que todo o país tem demonstrado na rua.

Passados 15 meses de Governo, a coligação PSD/CDS não tem já condições para governar. Falta-lhe legitimidade e credibilidade. Não tem legitimidade porque não tem palavra, não cumpre a Constituição e perdeu a confiança do país. E não tem credibilidade porque falha todas as suas previsões, está minada por intrigas internas e não é sequer capaz de falar ao país.

No dia anterior ao debate das moções de censura, Vítor Gaspar faltou a uma audição no Parlamento para apresentar em conferência de imprensa o maior assalto fiscal de sempre aos rendimentos do trabalho. O Primeiro-Ministro escondeu-se atrás do Ministro das Finanças e o Ministro das Finanças escondeu-se do contraditório do debate democrático. Foi a censura que obrigou o Governo a vir prestar contas ao parlamento e ao país.

Com o maior desemprego de sempre, e mais de metade das pessoas em situação de desemprego sem qualquer apoio, com os salários a recuarem mais de uma década e com a dívida pública e a recessão sempre a aumentar, o Governo anuncia um reforço das políticas que nos trouxeram até aqui: um aumento feroz de impostos, que rouba ainda mais salários e pensões, acompanhado por cortes brutais na saúde e nas prestações sociais.

As moções de censura revelaram toda a falência do Governo. Nenhuma voz se ouviu para defender o Governo ou a sua política; os deputados da maioria limitaram-se a atacar a oposição ou repetir os chavões vagos das falsas inevitabilidades. Uma maioria acossada pelo país, incapaz até de se pronunciar sobre o aumento de impostos anunciado no dia anterior. É uma maioria sem convicção e uma coligação a esboroar-se.

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Atriz.
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