Segundo noticiou o jornal Correio da Manhã em 20 de Março de 2007, (a que pode aceder neste link), Eduardo Catroga reformou-se em Abril desse ano com uma pensão mensal de 9.693,54 euros, resultante das pensões acumuladas por ter descontado como trabalhador do sector público e como funcionário no sector privado.
Em declarações ao jornal, o economista explicou então:
“Tenho uma carreira de vinte anos como funcionário público e de quarenta como funcionário privado” e acrescentou “fiz em paralelo as duas carreiras e agora, por questões de simplicidade e por ser mais prático, as duas pensões são unificadas numa única prestação”.
Eduardo Catroga, apesar de reformado, continua a ser presidente da empresa Sapec, administrador não-executivo da Nutrinveste e do Banco Finantia e membro do Conselho Geral e de Supervisão da EDP.
Catroga, que se tornou conhecido como quadro relevante do grupo Mello, foi ministro das Finanças do terceiro Governo de Cavaco Silva, entre Dezembro de 1993 e Outubro de 1995. Destacou-se então como um dos maiores privatizadores dos governos de Cavaco Silva: foi nesse período que o BPA (Banco Português do Atlântico) foi entregue ao BCP. Como ministro teve como chefe de gabinete Assunção Dias, que desempenhou um papel decisivo na reconstituição do grupo Champalimaud.
Sobre esta reconstituição citamos a seguinte passagem do livro “Os Donos de Portugal”:
“A indemnização a António Champalimaud pelas nacionalizações começa por ser objecto de uma comissão arbitral. O Ministério das Finanças designa um grupo de acompanhamento integrado pelo subinspector-geral de Finanças, Assunção Dias, na altura também presidente do conselho fiscal da Mundial Confiança estatal. De um valor inicial de 200 mil contos, o grupo de acompanhamento chega à proposta de 1,6 milhões. Assunção Dias apresenta depois uma avaliação particular, da qual exclui os outros dois membros do grupo de acompanhamento, em que propõe 5,5 milhões. Por fim, usando o parecer de Assunção Dias, o Secretário de Estado das Finanças, Elias da Costa (mais tarde administrador do Santander), propõe ao ministro Braga de Macedo uma indemnização de 10 milhões, a pagar pelo BPSM e pela Cimpor estatais. Além disso, a Cimpor renunciava a uma dívida de 7 milhões e o BPSM desistia de três processos judiciais em que exigia 8,6 milhões (DN, 18.03.1995).
Onze dias depois de receber este dinheiro, Champalimaud compra 51% da Mundial Confiança, mantendo Assunção Dias no conselho fiscal da seguradora agora privada. Assunção Dias acumulará esse cargo com o de chefe de gabinete do novo ministro das finanças, Eduardo Catroga, e depois com o de inspector-geral de Finanças. A seguradora é vendida a um preço de favor, equivalente ao volume anual dos prémios que realiza (o valor de uma seguradora era então calculado, em média, no dobro do valor anual dos seus prémios).
O ex-chefe de gabinete de Catroga, Assunção Dias é hoje presidente do Conselho fiscal dos Seguros Santander.”