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Católicos e marxistas apelam ao cessar-fogo e ao fim das armas nucleares na Europa

A plataforma de diálogo entre católicos e marxistas DIALOP organizou um seminário em Viena enquanto decorria naquela cidade a Conferência Internacional sobre o Impacto Humanitário das Armas Nucleares. Leia aqui a declaração aprovada.
Foto charamelody/Flickr

No seminário de investigação realizado em junho em Viena, católicos e marxistas discutiram a situação de guerra que voltou a assolar a Europa. A plataforma DIALOP nasceu em 2014 a partir de uma ideia do Papa Francisco durante um encontro com o então primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, o antigo líder do Partido Comunista da Áustria e membro da Rede Transform!, Walter Baier, e o teólogo austríaco Franz Kronreif, do movimento dos Focolares. O líder católico lançou a proposta de criação de um espaço de diálogo entre a esquerda europeia e os católicos sobre os desafios que o planeta atravessa, nomeadamente as crises ambiental e social. Sob os auspícios desta plataforma, nos últimos anos têm-se realizado diversos encontros, seminários e conferências com a participação de intelectuais, académicos e estudantes de vários países. O seu conselho científico é presidido pelo dirigente bloquista José Manuel Pureza. Leia aqui a declaração aprovada no encontro de 21 de junho.

Por um cessar-fogo imediato na Ucrânia. Por uma Europa livre de armas nucleares.

A invasão russa da Ucrânia é sem dúvida uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas e do direito internacional. As divergências da Rússia com e sobre a Ucrânia deveriam certamente ter sido resolvidas através de negociações apoiadas pelo Conselho de Segurança da ONU, com os interesses de segurança de todos os países respeitados.

Agora, as tenebrosas realidades da batalha em curso deveriam empurrar ambas as partes para a mesa de negociações o mais rapidamente possível, para evitar o prolongamento da guerra e o imenso aumento do número de vítimas e para alcançar uma paz com justiça.

Por conseguinte, exigimos um cessar-fogo imediato para salvar vidas e iniciar um processo que conduza a uma paz positiva. Além disso, a guerra na Ucrânia e os arsenais nucleares presentes na região demonstram claramente como as guerras são perigosas no mundo contemporâneo, porque podem muito facilmente transformar-se numa guerra nuclear. Na atual situação mundial "o objetivo final da eliminação total das armas nucleares torna-se tanto um desafio como um imperativo moral e humanitário", como o Papa Francisco enfatizou na sua carta encíclica Fratelli Tutti.

A assinatura e ratificação do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, que entrou em vigor em 2021 e conta atualmente com 87 estados membros, foi um primeiro passo importante para um mundo sem armas nucleares. Este tratado abre também a possibilidade de reiniciar o debate sobre a criação de zonas livres de armas nucleares na Europa, o que poderá tornar-se um elemento crucial de uma nova arquitetura de segurança europeia. Convidamos todos os governos a ratificar este acordo internacional e a assumir o compromisso de recusar totalmente a posse e/ou utilização de armas nucleares.

A DIALOP é em si mesmo um exercício de diálogo contínuo entre diferentes culturas. O que era supostamente impossível, tornou-se uma prática com resultados positivos. Com base nisto, apelamos a todos os intervenientes relevantes nesta guerra (governos, organizações da sociedade civil, igrejas, etc.) a comprometerem-se com iniciativas concretas de encontro e diálogo como única forma de transformar a guerra num processo político pacífico.

Viena, 21 de junho de 2022.

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