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Catarina recorda Sampaio como “figura central da democracia portuguesa”

A coordenadora do Bloco de Esquerda destacou também que Jorge Sampaio “soube fazer pontes à esquerda, que permitiram estabelecer novos projetos para o país” e foi sempre “exigente para com o país”. Publicamos também uma nota do Bloco de Esquerda.
Catarina Martins - Foto de José Sena Goulão/Lusa (arquivo)
Catarina Martins - Foto de José Sena Goulão/Lusa (arquivo)

Em declaração pública, Catarina Martins apontou que Jorge Sampaio “é uma figura central da democracia portuguesa” e lembrou que ele liderou a revolta estudantil de 1962, tendo sido também advogado de presos políticos, com uma participação ativa no 25 de Abril.

“Jorge Sampaio soube fazer pontes à esquerda, que permitiram projetos novos para o país, que levaram a vitórias na Câmara de Lisboa”, destacou Catarina Martins, sublinhando que, “até ao último dos seus dias”, foi “um lutador pela ideia de um Portugal aberto, cosmopolita, solidário, defensor dos direitos humanos”.

A coordenadora bloquista salientou também que Jorge Sampaio, tanto nas causas nacionais como internacionais, “na luta pela independência de Timor-Leste, no seu trabalho sobre a tuberculose, no seu trabalho contra a pobreza, soube sempre unir e ser exigente para com um país com que ajudou a construir a sua democracia”.

“A sua última luta sobre o nosso papel no acolhimento de refugiados é também testemunho deste seu empenho cívico pelos direitos humanos e pela solidariedade”, concluiu Catarina Martins, que transmitiu condolências à família, aos amigos e ao Partido Socialista.

Nota do Bloco de Esquerda

Jorge Sampaio (1939-2021)

Jorge Sampaio faleceu hoje, vítima da doença cardíaca de que padecia há alguns anos. À sua esposa, Maria José Ritta, aos seus filhos, Vera e André, ao seu irmão, Daniel Sampaio, e a toda a sua família, bem como ao Partido Socialista, o Bloco de Esquerda apresenta as suas sentidas condolências.

Ao longo da década de 1960 e até ao 25 de abril, Jorge Sampaio foi um destacado opositor à ditadura. Iniciou o seu combate como um dos mais destacados dirigentes estudantis na crise académica de 1962, sendo depois advogado defensor de presos políticos enfrentando a farsa dos tribunais plenários e presença nos círculos oposicionistas.

Participante ativo no processo revolucionário que se seguiu ao movimento militar de 25 de Abril de 1974, Sampaio foi um dos impulsionadores do Movimento de Esquerda Socialista (MES), integrando o IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, como Secretário de Estado da Cooperação Externa, em 1975.

Adere ao Partido Socialista em 1978, vindo a ser seu dirigente, líder parlamentar e Secretário Geral. No final dos anos 80, promoveu o processo de convergência que levou à formação da coligação Por Lisboa, que integrou o PS, o PCP e o MDP (sendo alargada em 1993 à UDP e ao PSR, partidos que, seis anos depois, estariam na origem do Bloco de Esquerda). A vitória dessa coligação pôs termo ao domínio dos partidos de direita no município e inaugurou uma nova fase no planeamento e desenvolvimento da cidade.

Foi eleito Presidente da República em 1996, derrotando Cavaco Silva à primeira volta, e reeleito por ampla maioria em 2001. Durante o seu primeiro mandato presidencial, estalou a crise em Timor Leste, que culminaria na independência da antiga colónia portuguesa e no fim da ocupação indonésia.

Com a sua decisão, impediu a participação militar portuguesa na ocupação do Iraque. Em 2006 e 2007, foi nomeado representante especial do Secretário Geral das Nações Unidas para a Luta contra a Tuberculose e Alto Representante para a Aliança das Civilizações.

O Bloco de Esquerda saúda a memória de Jorge Sampaio, figura central da construção da democracia portuguesa.

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