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Catalunha: manifestação da Diada em tempo de impasse político
Cerca de 600 mil manifestantes - números da Guardia Urbana de Barcelona — encheram ruas e avenidas de Barcelona esta quarta-feira na Diada, a comemoração do Dia da Catalunha que desde 2012 tem sido o motor da mobilização social a favor da independência catalã. Apesar da enorme afluência ao protesto, em tempo de impasse político e de expetativa sobre a sentença dos juízes espanhóis no julgamento dos líderes que levaram a referendo a questão da independência, a mobilização ressentiu-se e o ânimo dos manifestantes também.
Para além dos habituais slogans a favor da independência, foram as palavras de ordem pela libertação dos presos políticos que dominaram o protesto. No comício final, a líder da Assembleia Nacional Catalã, Elisenda Paluzie, garantiu que os catalães vão “receber de pé o golpe da sentença”, apelando à unidade dos políticos em torno do projeto independentista.
@epaluzie Necessitem aquella unitat que prioritza els objectius polítics del moviment independentista. La que ens va portar a grans victòries, malgrat repressió, amenaces i confiscacions. Acabem junts el que vam començar junts! #11SObjectiuIndependència pic.twitter.com/8ylCpxw4WR
— Assemblea Nacional (@assemblea) September 11, 2019
Na mesma linha, o porta-voz da Òmnium Cultural já tinha deixado o desafio: “Se procuram responsáveis do [referendo do] 1-O, vão bater à porta dos mais de dois milhões de pessoas que desobedeceram”, afirmou Marcel Mauri, concluindo que “a repressão deles só serviu para tornar-nos mais fortes”. Lembrando que 80% dos catalães são a favor da autodeterminação, Mauri concluiu que não aceitara outro desfecho no julgamento do ‘procés’ do que a absolvição dos acusados.
@marcelmauri "Fem un avís al govern de Pedro Sánchez, aquest govern que, a través de l’advocacia de l’Estat, ha decidit rebutjar la petició de llibertat de les Nacions Unides i alinear-se amb les tesis més ultres de VOX. No acceptarem res que no sigui l’absolució!" pic.twitter.com/jsrrlThdH9
— Òmnium Cultural (@omnium) September 11, 2019
Os apelos à unidade foram reforçados em quase todos os discursos, mas também nas palavras de ordem durante toda a tarde. Numa mensagem enviada a partir da prisão de Lledoners, o presidente da Òmnium Cultural alertou para as tentativas de dividir o soberanismo catalão “entre partidários do diálogo e da confrontação”. Jordi Cuixart, preso há quase dois anos, defendeu que “a defesa permanente do diálogo é a única via para a resolução do conflito”.
Após a grande concentração da Diada, e sob o lema “Organizemos o poder popular. No caminho para a independência não há atalhos”, a CUP e outras organizações da esquerda independentista organizou uma manifestação própria seguida de comício ao fim da tarde e diz ter juntado 12 mil pessoas (5.500 segundo a Guardia Urbana). “O governo autonómico também reprime a vontade popular”, acusou a deputada Natàlia Sànchez, acusando o executivo formado pelo Juntos pela Catalunha e a Esquerda Republicana Catalã de fazerem aproveitamento político da solidariedade cidadã com os presos.
Som milers manifestant-nos pels carrers de #Barcelona en defensa de l'autodeterminació i la construcció del poder popular #OrganitzemPoderPopular #11S pic.twitter.com/keNRWnWvjY
— CUP Països Catalans (@cupnacional) September 11, 2019
Num dia de manifestações pacíficas, a única exceção aconteceu já depois das 20h, com um grupo de jovens encapuzados a atirarem pedras e outros objetos contra a polícia e jornalistas após queimarem bandeiras espanholas junto do parlamento catalão. A intervenção da polícia de choque dispersou os cerca de 300 manifestantes que ali se encontravam.
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