Cinco apartamentos do empresário angolano Álvaro Sobrinho foram arrestados e convertidos em definitivo a favor do Ministério Público, segundo o Correio da Manhã.
O ex-presidente executivo do BES Angola (entre 2001 e 2012) é suspeito de branquear 80 milhões de euros, ação que está a ser investigada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal.
Segundo o mesmo jornal, os cinco apartamentos de luxo situam-se no Estoril Sol Residence, em Cascais. Apenas um deles estava em nome de Álvaro Sobrinho e da mulher, os restantes quatro foram transferidos para os filhos do empresário.
Pipeline de créditos obscuros
Álvaro Sobrinho fez carreira no mundo dos negócios pela mão de Ricardo Salgado. Começou no BES como diretor e chegou a presidente executivo do BES Angola, em 2001, onde ficou até outubro de 2012. Neste cargo, o banqueiro tornou o banco num verdadeiro pipeline por onde passaram milhares de milhões de euros em créditos obscuros. “Como é costume nestes casos, as auditorias internas do BES não indicavam problemas na filial angolana, os acionistas locais (generais Kopelipa e Leopoldino do Nascimento, entre outros) não se queixavam de nada e a consultora KPMG nunca soou alarmes. O BESA recebia prémios internacionais”, observou Jorge Costa num artigo aqui no Esquerda.net.
[caption align="left"]As ligações de Álvaro Sobrinho ao mundo empresarial, mediático e financeiro.[/caption]
A garantia concedida pelo Estado angolano para salvar o BES Angola ascende a cinco mil milhões de dólares, nada menos que o valor equivalente ao do famoso fundo soberano do país, lançado com estrondo há dois anos e entregue ao filho do presidente José Eduardo dos Santos. A dimensão deste resgate dá uma ideia sobre a dimensão da acumulação privada neste episódio, equivalente a 80% da carteira de crédito do BESA. Alguns “clientes” levantavam numerário que só poderia ser transportado em camiões.
Núcleo duro do BES Angola e da ESCOM
O mesmo artigo observava que no centro deste desfalque estiveram os protagonistas centrais da presença africana do grupo Espírito Santo em África ao longo de mais de uma década, “o núcleo duro do BES Angola e da ESCOM (Espírito Santo Commerce), o braço do grupo para Angola, disperso pela mineração e construção de infra-estruturas, aeroportos, estradas, saneamento, habitação.” O artigo recordou também que em Portugal, a Escom foi agente financeiro e banco paralelo do grupo Espírito Santo em casos como os dos submarinos ou o Portucale.