A conferência "Vencer a crise com o Estado Social" promovida pelo Congresso Democrático das Alternativas decorreu neste sábado no Fórum Lisboa na capital.
Na sessão de abertura, Manuel Carvalho da Silva acusou Paulo Portas de estar apenas a "tentar ganhar espaço e a preparar-se para continuar a servir o interesse nacional ou seja para manter-se no poder para jogar influências, alimentar compadrios e trocas de interesses". O ex-secretário-geral da CGTP considerou que se tem de denunciar “estas encenações”, criticando "destacadas figuras do Partido Socialista e outras" por "andarem por aí a credibilizar Portas e o seu CDS-PP como intérpretes de um verdadeiro programa democrata-cristão". "Não se entende mesmo. A coisa só se compreende porque a social-democracia dessas personalidades também está há muito submetida ao neoliberalismo", acrescentou.
Carvalho da Silva afirmou também que o Governo porta-se "como um Governo de ocupação que rouba descaradamente ao comum dos portugueses para proteger e servir os interesses dos ocupantes" e criticou Cavaco Silva por dar “cobertura” a um Governo "que já não tem legitimidade de facto". "A cobertura que vem dando a um Governo que perdeu a confiança dos eleitores e a legitimidade democrática de facto está a conduzir que se torne normal uma governação autoritária de afrontamento às leis onde os ministros e os secretários de Estado se comportam como pequenos ditadores", frisou ainda Carvalho da Silva.
Na sessão de encerramento, José Reis denunciou que a “causa dos males da economia” não é o Estado Social, considerou que “a Europa que entregou tudo aos mercados e assim se fraturou” e defendeu que “a dívida tem que ser reestruturada”.
Sublinhando que o memorando e a política de austeridade estão a destruir a sociedade, o professor e diretor da Faculdade de Economia de Coimbra frisou que “a atual ação destruidora do Estado Social é mais recessiva que a primeira vaga de austeridade” e defendeu que “existem fortes denominadores comuns da esquerda” que apelam à convergência e ao entendimento, considerando “intolerável” que a esquerda não assuma esses denominadores comuns.
José Reis valorizou a resolução aprovada na conferência “como o programa essencial, a urgência máxima de toda a esquerda” e apelou à participação na manifestação de 25 de maio, convocada pela CGTP, e na manifestação internacional de 1 de junho “Povos Unidos contra a troika”.