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Carteiros receiam risco de contágio em entregas ao domicílio

A entrega de vales de pensões ao domicílio foi a solução criada para reduzir as deslocações dos idosos aos balcões dos CTT. Mas a Comissão de Trabalhadores receia que tal exponha os carteiros ao perigo de contágio e defende reforço das condições de trabalho em altura de pandemia.
CTT mobilizaram cerca de três mil carteiros para a entrega de pensões ao domicílio.
CTT mobilizaram cerca de três mil carteiros para a entrega de pensões ao domicílio. Foto de Paulete Matos.

Para reduzir as deslocações dos reformados aos balcões dos CTT numa altura em que estão em vigor medidas de contingência face à pandemia da Covid-19, foi lançada uma operação de larga escala de entrega de pensões ao domicílio. Dos 370 mil pensionistas que recebem os vales dos CTT, 100 mil receberão o dinheiro sem sair de casa.

Esta medida, que visa reduzir a exposição de um grupo de risco para o novo coronavírus, está porém a gerar receio entre os carteiros. A Comissão de Trabalhadores (CT) dos CTT explica que os cerca de três mil carteiros mobilizados para a entrega de pensões “podem ser os veículos de transmissão, ou serem eles próprios infectados”.

Em declarações ao jornal Público, a CT explica que os riscos nos minutos de interação existem, mesmo com as regras estabelecidas pelos CTT, uma vez que os trabalhadores têm de entrar em casa das pessoas, em alguns casos acamadas, e identificá-las. Para além disso, é necessário conferir o dinheiro entregue e atestar que este foi recebido.

“Bastam dois ou três minutos para que haja um contágio involuntário”

A CT sugeriu aos CTT que sejam alterados os procedimentos de entrega das pessoas no período de pandemia. A proposta dos trabalhadores é de que o valor seja conferido por dois trabalhadores quando o vale chega às estações de correios, sendo posteriormente colocado num sobrescrito e introduzido nas caixas de correio.

Foi ainda proposto um conjunto de soluções para melhorar as difíceis condições de trabalho dos carteiros. Uma das propostas passa por estabelecer o horário contínuo de modo a reduzir o tempo passado na rua.

Defendem também a necessidade de garantir as condições de segurança a estes trabalhadores, nomeadamente máscaras e desinfetantes. A CT explica ao Público que as lojas ainda “vão tendo” este equipamento, mas que este não chega à maioria dos mais de 200 centros de distribuição postal do país, nos quais também dizem não ser assegurada uma limpeza profunda.

Por último, os representantes dos trabalhadores dos CTT defendem também o fim da sobreposição de turnos nos centros de distribuição. “Há trabalhadores que pegam às 21h e outros que pegam às 23h”, explicam. Para que tal não aconteça, pedem “uma reorganização do trabalho”, pois além de não haver o contacto entre os dois grupos, essas duas horas poderiam ser “aproveitadas para limpar” os espaços.

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