"Está a fazer-me muita confusão ver, neste anúncio das medidas difíceis que até nos foram impostas por quem nos emprestou dinheiro, que os grupos estejam a fazer reivindicações grupais, de classe, não gosto", afirmou D. José Policarpo na aldeia de Alvorinha, nas Caldas da Rainha, no seu regresso ao local onde tinha celebrado a sua primeira eucaristia.
O discurso do cardeal fez referência aos sindicatos como fazendo parte dos grupos que põem o interesse individual acima do nacional numa altura em que têm que ser vencidas "as visões derrotistas e pessimistas" e "todos somos chamados a vencer o egoísmo, a pensar no nós e não no eu".
Do lado dos sindicatos, a resposta não se fez esperar. "É interessante que o cardeal patriarca tenha esta posição quando se justificava que defendesse os que mais precisam", afirmou o dirigente da CGTP Arménio Carlos. No entender do sindicalista citado pela agência Lusa, as declarações do patriarca de Lisboa estão deslocadas da realidade do país pois ignoram o aumento do desemprego, da precariedade e das desigualdades sociais e a redução dos salários.
João Proença, líder da UGT, manifestou "incredibilidade pelo comentário" de Policarpo. "A igreja assume, assim, que ela defende o interesse geral e as restantes instituições sociais defendem interesses particulares", criticou o sindicalista. Proença afirmou ainda que dar prioridade aos problemas do país "passa também pela defesa dos interesses dos trabalhadores, pois sem trabalhadores não há país".
Cardeal patriarca irrita sindicatos
21 de agosto 2011 - 0:58
Na homilia em que celebrava o cinquentenário de eucaristias, D. José Policarpo disse não gostar dos grupos que fazem "reinvindicações de classe", como os sindicatos, que contrariam as medidas da troika. CGTP e UGT não gostaram das palavras do cardeal.
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O cardeal patriarca de Lisboa diz que os sindicatos põem o interesse individual acima do nacional. Foto José Goulão/Flickr