Em 2019, a Câmara Municipal de Lisboa assumiu, em resposta ao Comité de Solidariedade com a Palestina, que partilhou dados de ativistas que convocaram várias manifestações com as embaixadas dos países visados pelos protestos. Para além da embaixada de Israel, a quem foram facultados dados de quem convocou uma ação nas imediações do Coliseu dos Recreios que pretendia alertar o músico Milton Nascimento sobre o facto do seu concerto seguinte em Telavive “legitimar o regime de apartheid de Israel”, também à China e à Venezuela foram fornecidas informações sobre outras manifestações.
Uma missiva assinada por Luísa Botinas, assessora de imprensa do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e divulgada esta quinta-feira pelo Público, foi enviada àquela organização. Nela se explicava que “desde a extinção dos governos civis, são as câmaras municipais os organismos que recebem as comunicações da parte das entidades promotoras de manifestações no espaço público” e que “é prática habitual da Câmara Municipal de Lisboa, desde essa data, reencaminhar essa informação para várias entidades, nomeadamente, as forças de segurança e o Ministério da Administração Interna” e “sempre que um país é visado pelo tema de uma manifestação, a sua representação diplomática no nosso país é igualmente informada”. Exemplificava-se este procedimento depois com uma concentração do Grupo de Apoio ao Tibete, a 25 de abril desse ano, que festejava o aniversário do Panchen Lama, o número dois da hierarquia religiosa tibetana detido pela China e com uma concentração “em solidariedade com o povo da Venezuela”, a 10 de Junho, que protestava contra “o bloqueio ilegal de fundos estatais venezuelanos pelo Novo Banco”.
Os ativistas solidários com a Palestina tinham questionado a autarquia lisboeta depois de terem cumprido a formalidade de informá-la da realização de uma concentração pacífica que consistia na distribuição de panfletos quando repararam que o e-mail enviado tinha sido partilhado com a Embaixada de Israel.
Ao mesmo órgão de comunicação social, Ziyaad Yousef, do Comité de Solidariedade com a Palestina, disse que se sentiu “completamente abandonado e exposto a perigos pela autarquia” porque os serviços secretos israelitas perseguem ativistas do movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanções).