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Bruto da Costa: Os ricos “estão a rir-se do que está a acontecer no país”
"As pessoas muito ricas em Portugal não são atingidas pelas medidas de austeridade na mesma proporção como são as outras famílias, designadamente as famílias de rendimento médio e médio baixo", disse Alfredo Bruto da Costa à Antena 1. Para o economista e investigador na área da pobreza, a austeridade "é uma expressão que nós ouvimos da boca dos políticos como se realmente todos fossem pagar equitativamente, e isso não é verdade".
«Todo o tipo de medidas que temos tido e vamos ter são medidas que não alteram o padrão da desigualdade e portanto, para mim, infelizmente, o tipo de sociedade, nas suas características principais da repartição do rendimento que vamos ter depois da crise, vai ser muito igual à que tínhamos tido», previu Bruto da Costa em declarações à TSF.
O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz lamenta ainda que não se vá "aproveitar a crise para introduzir alterações de fundo para reduzir a desigualdade". Para Bruto da Costa, embora o contributo dos mais ricos «não tenha uma expressão muito grande em termos de indicadores nacionais, por uma razão de solidariedade deviam pagar proporcionalmente aos seus rendimentos e riquezas».
Outra crítica à injustiça dos cortes propostos pelo Governo veio de Jacinto Numes, que governou o Banco de Portugal na primeira metade dos anos 80, diz que “esperava um choque, mas não um choque tão forte” como o anunciado por Passos Coelho. “Seria mais justo que todos pagassem e não apenas os pensionistas e os funcionários públicos”, defendeu o economista em declarações ao Jornal de Negócios. Para Silva Lopes, que o antecedeu à frente do Banco de Portugal, o "não tem qualquer comparação com a austeridade" de outros tempos, em que o ajustamento foi “feito essencialmente com base na desvalorização cambial e numa subidas das taxas de juro. Agora faz-se tudo através do Orçamento”, diz Silva Lopes, enquanto “na altura usámos essencialmente a política monetária que controlávamos”, explicou.
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