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Bruto da Costa considera "vergonhoso" reformar o Estado com o FMI

O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz defende que a reforma do Estado seja discutida em público e considera a presença dos técnicos do FMI na definição das funções do Estado “uma coisa completamente vergonhosa”.
Alfredo Bruto da Costa diz que começar a reforma do Estado com o objetivo de cortar na despesa é uma "perspetiva perversa". Foto psocialista/Flickr

“Isto não é um problema para os técnicos do FMI resolverem, isto é um problema para ser discutido na praça pública e para suscitar opções de natureza política claras”, declarou Alfredo Bruto da Costa à agência Lusa a propósito da conferência anual da CNJP “Portugal: O país que queremos ser”, que se realiza no sábado na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Bruto da Costa entende que o debate sobre as funções do Estado é "extremamente" delicado e tem sido feito noutros países desde os anos 80. “Agora está a afetar sobretudo os países que, por razões que conhecemos, estão muito fortemente tentados e inclinados a adotar medidas de caráter neoliberal”, que seguem uma “linha muito individualista de que, cada um, resolva os seus problemas e o Estado faça o menos possível”.

O antigo ministro da Saúde do governo de Maria de Lurdes Pintasilgo alertou ainda para o facto de estarmos "a olhar para o problema do papel do Estado através da necessidade de cortes orçamentais. Portanto, o próprio objetivo com que estamos a olhar para o problema já é uma forma perversa de tentarmos ter ideias claras sobre o assunto”.

Para Bruto da Costa, é necessário ter uma noção clara do que é um bem comum numa sociedade, não apenas numa conjuntura estrutural. “Só a partir daí é que nós podemos ver as implicações financeiras e qual é a possibilidade de a sociedade se dispor ou não a financiar isso”.

“Agora começar a reforma do Estado com um objetivo de cortar uma despesa, parece-me uma perspetiva perversa logo à partida”, concluiu o antigo presidente do Conselho Económico e Social, que se tem destacado pelos seus estudos de investigação sobre a pobreza em Portugal.
 

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