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BPN: “Comissão de inquérito do PSD e do CDS/PP é um estratagema político”

O deputado João Semedo lembra que o PSD rejeitou a comissão de inquérito proposta pelo Bloco há poucas semanas e frisa que PSD e CDS só podem pretender “ganhar tempo” para tentar que a AR só tenha intervenção depois do negócio da venda do BPN ao BIC estar fechado. Bloco e PCP apoiam comissão de inquérito potestativa à nacionalização e privatização do BPN proposta pelo PS.
Foto de Paulete Matos

Numa reviravolta inesperada o PSD e o CDS apresentaram nesta quarta feira na AR uma proposta de comissão de inquérito “à gestão e reprivatização do BPN”, mas a começar a funcionar apenas no dia seguinte à conclusão do processo de reprivatização daquele banco.

“A comissão de inquérito agora anunciada pelo PSD é uma comissão de inquérito que o PSD não queria, o PSD viu-se obrigado a apresentar esta comissão de inquérito como um estratagema político” declarou o deputado João Semedo do Bloco de Esquerda à comunicação social.

O deputado sublinhou que “o PSD ainda não explicou porque é que demorou três semanas a querer aquilo que há três semanas não quis, contra o qual votou”, considerando que só pode existir uma explicação possível: querem “ganhar tempo” para tentar que a Assembleia da República só tenha alguma intervenção no processo depois de estar fechado o negócio de venda do BPN ao BIC.

“Por isso, o PSD hoje diz que esta sua comissão de inquérito é só para valer depois do negócio estar feito” frisou o deputado do Bloco.

João Semedo afirmou ainda que regimentalmente não deverá ser possível ter duas comissões de inquérito a decorrer em simultâneo.

O Bloco de Esquerda e o PCP vão apoiar a comissão de inquérito potestativa sobre o BPN apresentada pelo PS. Segundo o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, “foi pelo facto de o PSD ter votado contra e ter inviabilizado a comissão de inquérito [proposta pelo Bloco e votada favoravelmente por PS, PCP e PEV] que o PS vai apresentar uma comissão de inquérito potestativa, o PSD viu-se perante uma inevitabilidade, então recuou e procurou, ou está a procurar, atirar areia para os olhos, anunciando agora uma comissão de inquérito que não faz nenhum sentido”.

Lembremos que o BPN já custou mais de 5.500 milhões de euros ao Estado português, que o BIC recebe mil milhões para comprar o BPN por 40 milhões e que o ministério das Finanças anda a escolher os melhores créditos do BPN para dar ao BIC.

Relembre-se também que o presidente do BIC é o destacado militante do PSD Mira Amaral, que foi ministro em governos liderados por Cavaco Silva.

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