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Bolsonaro critica uso de máscaras no pior dia da pandemia no Brasil

O Brasil atingiu o recorde de 1.582 mortes num dia devido ao coronavírus. O presidente prefere criticar supostos “danos colaterais” do uso de máscaras, nomeadamente em crianças, distorcendo dados.
Jair Bolsonaro. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.
Jair Bolsonaro. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

Nesta quinta-feira, o Brasil atingiu o número mais elevado de mortes por Covid-19 num dia. 1.582 pessoas perderam a vida no país devido à doença. Desde o início da pandemia, mais de 250 mil brasileiros morreram infetadas por ela. Mas na sua transmissão em direto semanal, feita nesse dia, o presidente Jair Bolsonaro não mencionou estes factos, preferindo criticar o uso de máscaras de proteção.

Bolsonaro começou por dizer: “Pessoal, começam a aparecer estudos aqui, não vou entrar em detalhes, né?, sobre o uso de máscaras, que, num primeiro momento aqui, uma universidade alemã fala que elas são prejudiciais a crianças”. E explicou em seguida que “começam a aparecer aqui os efeitos colaterais das máscaras", nomeadamente, segundo ele, “irritabilidade, dores de cabeça, dificuldade de concentração, diminuição da perceção de felicidade, recusa em ir para a escola ou creche, desânimo, perturbação da capacidade de aprendizagem, vertigem e fadiga”. E acrescentou ainda que não iria “entrar em detalhes” porque “tudo desagua em crítica em cima de mim, né?, e eu tenho a minha opinião sobre máscara, e cada um tenha a sua”. A publicação no Twitter foi sinalizada pelos serviços da rede social como tendo violado as regras da rede sobre publicações enganosas e potencialmente prejudiciais.

Segundo a Deutsche Welle, aquilo que foi apresentado pelo presidente brasileiro como um "estudo de uma universidade alemã" era na verdade um inquérito online feito por cinco investigadores da Universidade de Witten/Herdecke que tinha como objetivo recolher relatos sobre uso de máscaras em crianças e cujos resultados foram viciados pela participação desproporcional dos negacionistas da pandemia, como provam os elevados números de respostas contrárias às medidas de contenção da doença.

Este inquérito estava aberto a qualquer pessoa que clicasse numa ligação disponibilizada, não havendo nenhum controlo da proveniência das respostas. Os investigadores reconhecem que esta ligação circulou por fóruns e páginas negacionistas da doença.

Também o resultado se tornou conhecido da mesma forma: contas da extrema-direita, fóruns negacionistas entre outras têm-se dedicado a divulgar o inquérito, tentando fazê-lo passar pelo que não é.

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