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Bolívia: nova contagem aponta para segunda volta nas presidenciais

No poder na Bolívia desde 2006, Evo Morales poderá ter de ir a uma segunda volta das eleições presidenciais. A contagem preliminar dava uma vantagem de sete pontos a Evo Morales quando foi interrompida no domingo. Mas a contagem oficial em curso coloca os candidatos praticamente empatados.
Evo Morales poderá ter de ir a segunda volta
Foto: Evo Morales/Twitter.

No domingo, os resultados preliminares com 84% dos votos escrutinados davam a Evo Morales uma vitória confortável de 45,3% dos votos na primeira volta das eleições presidenciais da Bolívia. Carlos Mesa, líder da aliança Comunidade Cidadã, estava em segundo lugar com 38,2%. Mas a contagem foi interrompida no domingo à noite após o anúncio destes resutados, com a oposição a lançar suspeitas de manipulação.

O governo boliviano e os observadores da Organização dos Estados Americanos acordaram esta segunda-feira formar uma equipa de acompanhamento da contagem oficial, convidando outras embaixadas e organismos estrangeiros no país com o objetivo de dar mais transparência ao processo. Nessa contagem oficial, com cerca de 53% dos  dos votos escrutinados, os candidatos surgem empatados, com Carlos Mesa a levar uma vantagem de centésimas sobre Evo Morales (42,51% e 42,46%, respetivamente).

Se este equilíbrio se mantiver, Mesa e Morales irão enfrentar-se novamente na segunda volta a 15 de dezembro. Mais de 7,3 milhões do total de 11 milhões de bolivianos foram chamados a votar nas eleições presidenciais e legislativas deste domingo.

No poder há 14 anos, Evo Morales, líder do partido Movimento para o Socialismo (MAS) tornou-se no primeiro Presidente indígena (de origem aimará) e de esquerda do país andino. A decisão de se candidatar a um quarto mandato presidencial foi muito criticada por diversos setores da Bolívia.

Embora tudo aparente que Morales seja o vencedor destas eleições, não obteve até ao momento votos suficientes para evitar a ida à segunda volta, naquela que parece ser a eleição mais difícil que já enfrentou. Carlos Mesa poderá conseguir unir a oposição para retirar Morales do poder. É também quase certo que o atual presidente irá perder a maioria de dois terços no Congresso que tem desde 2009, dificultando assim a sua agenda legislativa.

“Aguardaremos até o último voto ter sido contado”, disse Morales no seu discurso de domingo à noite na Plaza Murillo. “Vamos vencer novamente”.

Em declarações ao jornal The Guardian, Fernando Mayorga, cientista político, considera que aquilo que torna este processo eleitoral “diferente das eleições na Argentina, Brasil e Colômbia é a existência de uma viragem ao centro de todos os candidatos”, pois “todos concordam com as principais conquistas económicas e sociais do governo MAS”.

Entre estas encontra-se o triplicar do rendimento per-capita e investimentos sem precedentes no ensino, saúde e estradas, conquistas essas que deram a Evo Morales uma enorme base de apoio entre a classe trabalhadora.

Porém, a quarta candidatura recolheu a oposição de grandes sectores da população do país. A principal crítica prende-se com a recusa de Morales em respeitar os resultados do referendo conduzido em 2016 no país. Quando chamados a opiniar sobre se o presidente se deveria recandidatar a um quarto mandato, a maioria disse "não".

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