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Bloco questiona Governo sobre encerramento de urgências de Obstetrícia em Braga

O encerramento até às 8h de segunda-feira e o encaminhamento das utentes para o Porto em casos complexos são motivo de preocupação para a concelhia bloquista de Braga. Associações pedem ação do Estado para travar degradação dos cuidados de saúde.
Foto Hospital de Braga

Em comunicado, a Comissão Coordenadora Distrital de Braga do Bloco de Esquerda expressa "imensa preocupação face ao encerramento da urgência de ginecologia/obstetrícia do Hospital de Braga, desde as 08h00 de domingo, dia 12 de junho, até às 08h00 de segunda-feira, dia 13 de junho".

"Independentemente de se encontrar assegurada uma solução de emergência, com o encaminhamento para o Centro Hospitalar de São João, esta é uma situação que causa profundo transtorno a todas as mulheres que necessitam de atendimento médico de emergência nesta área além de induzir iniquidade e transtorno no acesso, pois nem todas as pessoas sabem deste encerramento e nem todas as pessoas têm como se deslocar até ao Porto", refere a distrital bloquista.

O Hospital de Braga pede que em caso de Urgência, as utentes contactem a Linha SNS 24 - 808 24 24 24 e que se dirijam a um dos outros Hospitais da Região, nomeadamente aqueles que têm apoio da especialidade de Ginecologia e Obstetrícia, entre os quais Guimarães, Famalicão e Viana. "Em casos de maior complexidade, por favor, dirija-se ao Centro Hospitalar de São João", refere uma nota no site do hospital.

O Bloco de Esquerda vai dirigir uma pergunta ao Governo sobre esta situação e afirma que "o SNS é uma conquista fundamental da democracia que não pode ser posta em causa".

Associações pedem ação do Estado para travar degradação dos cuidados de saúde

Para o presidente da Associação Europeia de Medicina Perinatal, Diogo Ayres de Campos, esta “é uma situação muito preocupante porque já se sabia há uns tempos que havia este problema nas equipas médicas das urgências de obstetrícia, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas também noutros locais”.

“Isto põe em causa a qualidade dos cuidados obstétricos que nós estamos a dar em Portugal e, de facto, falta aqui uma estratégia de fundo para lidar com este problema”, disse Ayres de Campos à agêcia Lusa, defendendo que é preciso “pensar como se pode manter, atrair os médicos para ficarem no SNS nos e não irem para outras instituições”.

Por outro lado, acrescenta, faz falta uma "estratégia urgente" para evitar que estas situações se repitam ao longo do verão. “Nas férias vai haver com certeza outros constrangimentos”, disse o presidente da AEMP, considerando que “se estão a correr muitos riscos”.

Também Sara do Vale, presidente da Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto, pede medidas urgentes para suprir a falta de profissionais de saúde nos serviços, cujo número é hoje "completamente desadequado".

"Nenhum serviço público de obstetrícia no país atualmente sobrevive sem horas extraordinárias dos seus médicos e enfermeiros especialistas, essa é a verdade. É preciso conseguir fixar estes profissionais”, defendeu em declarações à Lusa.

Lembrando que "a taxa de mortalidade materna tem vindo a ter uma curva ascendente nos últimos dez anos” em Portugal, Sara do Vale diz que a situação começa também a afetar a mortalidade infantil. “Há mulheres a relatar dificuldades de acesso às ecografias, exames de diagnóstico, em outros hospitais do país e, portanto, parece que se abriu aqui uma comporta de coisas que já se vinham a passar e isto infelizmente é uma consequência” da falta de investimento no SNS, concluiu.

Notícia atualizada no dia 13 de junho de 2022 às 16h00, acrescentando a pergunta dirigida ao Governo. 

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