A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu esta quarta-feira que tornar a TAP mais pequena pode ser "um erro extraordinário", considerando que o pior que podia acontecer era o Estado investir na companhia e no fim ficar sem ela.
"O pior de tudo seria andarmos a pagar para termos a TAP e no fim ficarmos sem ela. Sim, seguramente que teremos de investir na TAP para podermos ter uma companhia aérea no futuro", defendeu Catarina Martins.
“Aquilo por que o governo deve lutar é por uma TAP que cumpra o seu papel. Precisamos de uma TAP, sim, mas uma que responda à população e ao país”, afirmou, defendendo que o governo tem de ponderar entre o investimento a fazer e a dimensão da companhia de que Portugal precisa.
Catarina Martins reuniu esta manhã com a Associação de Comerciantes do Porto e em declarações aos jornalistas defendeu que aquilo “que é preciso é ter uma estratégia para uma reestruturação da TAP que mantenha com capacidade, que mantenha uma companhia aérea de bandeira, exatamente para não ser um Novo Banco", ou seja, gastar elevadas quantias de dinheiro para depois "entregar a alguém que o Estado português não controla".
A TAP é uma empresa estratégica para o país, pelo que o governo "não deve ceder à pressão europeia para limpar a TAP com muito dinheiro público, ao mesmo tempo que despede muita gente”.
Para a coordenadora bloquista, fazer cortes de grande dimensão na TAP por causa da crise pode levar a que "quando a crise passar, o país precise de uma TAP e não a tenha". Por isso, "tornar a TAP pequena de mais pode ser um erro extraordinário", concluiu.
O partido reunirá esta quarta-feira com o governo para discutir o plano de reestruturação da TAP, aprovado na noite passada em reunião extraordinária do Conselho de Ministros. Para o Bloco, uma reestruturação da companhia aérea tem de garantir que a empresa é capaz de responder às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo e garantir a coesão territorial do país.
O documento aprovado será entregue na quinta-feira a Bruxelas, no último dia do prazo definido para o efeito. De acordo com os sindicatos, está previsto o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia.