Está aqui

Bloco e Podemos defendem uma "distribuição mais justa" dos subsídios da PAC

Em Mérida, os dois partidos partilham reflexões sobre o processo de revisão da Política Agrícola Comum e a margem de manobra dos Estados para aplicá-la. Carlos Matias, deputado do Bloco, diz que “as injustiças são tremendas e tendem a perpetuar-se”.
Carlos Matias, deputado do Bloco, na conferência de imprensa do encontro em Mérida.
Carlos Matias, deputado do Bloco, na conferência de imprensa do encontro em Mérida.

Por iniciativa do Bloco de Esquerda e do Podemos, decorre em Mérida, nos dias 15 e 16 de março, um seminário sobre “o futuro para política agrícola comum, reforma da PAC para quê e para quem”.

Na conferência de imprensa, que decorreu antes da abertura dos trabalhos, Carlos Matias, deputado do Bloco de Esquerda, disse que a Extremadura e Portugal partilham "muitas dificuldades" ao nível da distribuição da ajuda da PAC, “as injustiças são tremendas e tendem a perpetuar-se”.

Os dois partidos políticos estão de acordo na ideia de que o texto da Comissão Europeia permite uma grande margem de manobra no que concerne à forma como cada país irá orientar a distribuição do seu orçamento.

"A desigualdade na distribuição também é um dos principais problemas de Portugal porque a grande propriedade é a que recebe as maiores contribuições", afirmou Matias, que disse ainda que, em Portugal, as negociações para a reforma da PAC estão a der feitas pelo Governo à porta fechada e o debate ainda não chegou ao Parlamento. Matias referiu ainda que é preciso haver mais exigência e que seja feita uma revisão da PAC que se traduza numa política que promova a produção de alimentos saudáveis, aumente o rendimento dos agricultores e permita enfrentar os cada vez maiores riscos climáticos. Assim, considera que a PAC deverá abandonar o “histórico”, regionalizar-se e atender a critérios socais e de criação de emprego. Deverá ainda financiar a organização dos pequenos produtores florestais e a agricultura familiar, principal garante da soberania alimentar.

Por sua vez, Eugenio Romero, deputado de Podemos, defendeu uma "distribuição mais justa" da ajuda à Política Agrícola Comum e referiu ainda que, tendo em conta que o pagamento básico da PAC é feito em função da área das propriedades, pode concluir-se que a Extremadura é uma das regiões com a "distribuição mais injusta das ajudas PAC".

Por isso, o Podemos aposta numa "mudança significativa" do modelo de distribuição das ajudas que "não priorize a propriedade" mas que tenha em conta critérios de natureza ambiental e social.

Além disso, Romero afirmou que a Política Agrícola Comum "exclui" os pequenos agricultores há anos, já que na Extremadura foram eliminados "dez mil pequenos destinatários", o que significou que "mais de 2 milhões de euros pararam de entrar".

"Não podemos consentir neste abuso, enquanto os grandes proprietários continuam a receber a maior parte da ajuda", disse o deputado regional.

Por outro lado, o porta-voz da área de Meio Rural e Marinho do Podemos, Fernando Fernández, indicou que é necessário melhorar a "eficiência e distribuição" das ajudas da PAC.

Assim, Fernández acredita que, devido à saída da Grã-Bretanha, esta política comum, terá um "corte de 10%" no orçamento, o que exigirá "muita mais eficiência" e "focar mais" onde queremos ir com a PAC, o que, na sua opinião, deve defender um modelo de agricultura "familiar e social".

Fernando Fernández disse que também na Espanha havia uma tradição com mais de 30 anos de a revisão da PAC ser feita nos gabinetes do Governo, à margem do Parlamento, mas que o Podemos rompeu com esse ciclo ao chamar periodicamente a Ministra da Agricultura para prestar contas sobre o processo de revisão da PAC.

Termos relacionados Política
(...)