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"A cada nova crise do capitalismo, Marx ressurge com mais força"

Mariana Mortágua apresentou a conferência que o Bloco promove este sábado e domingo, 24 e 25 de março, em Lisboa, para assinalar os 200 anos do nascimento de Karl Marx.
Nos dias 24 e 25 de março, o Bloco de Esquerda promove uma conferência internacional dedicada ao bicentenário do nascimento de Karl Marx no auditório da Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa.

Em declarações à agência Lusa, a dirigente bloquista Mariana Mortágua explicou que esta conferência, que decorre no auditório da Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa, “procura assinalar os 200 anos do nascimento de Karl Marx e, de alguma forma, discutir e debater todo o seu património e todo o seu legado intelectual e teórico”.

“Cada vez que há uma nova crise do capitalismo, Marx ressurge com mais força e mais pertinência nas várias análises que são feitas do sistema capitalista, precisamente porque essa teoria hegemónica que inspira o neoliberalismo não é capaz de dar as respostas que é necessário dar”, avançou a deputada.

A conferência reunirá economistas, filósofos, historiadores e cientistas políticos de vários países, bem como a coordenadora bloquista Catarina Martins, os fundadores do Bloco Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda ou a eurodeputada Marisa Matias, para “debater esse legado das ideias marxistas”.

“Marx fez uma análise do sistema capitalista única, muito lúcida, à luz do seu tempo, no sistema capitalista de há 200 anos, mas que identificava características e dinâmicas do próprio sistema que hoje de mantêm intactas e que devem ser analisadas à luz dos dias de hoje”, salientou Mariana Mortágua.

De acordo com a dirigente do Bloco, novos temas como a exploração do trabalho, as novas formas de precariedade, os contributos para a liberalização do mundo de trabalho, a dívida ou os mercados financeiros contribuem “para a análise que Karl Marx nos deixou, de um sistema capitalista estruturalmente instável, gerador de desigualdades, gerador de exploração e também de crises”.

A conferência conta com vários painéis, entre os quais se destaca o que reúne o deputado bloquista Jorge Costa  e o sociólogo Max Haiven, intitulado “A justificação marxista ou a vingança de Marx?”, sobre “como é que se interpreta a crise dos mercados financeiros em 2008 à luz da teoria marxista”.

Francisco Louçã e o economista Michael Ash vão debater, de acordo com Mariana Mortágua, “como é que o sistema bancário sombra pode ou não pode ser enquadrada na teoria marxista”.


Leia aqui alguns resumos das apresentações na conferência


“Sabemos que Karl Marx foi vítima não apenas das aplicações práticas e antidemocráticas das suas ideias, mas também de leituras simplistas e superficiais daquilo que escreveu e daquilo que pensou, muitas vezes em nome de uma ortodoxia que se afirmava marxista”, sinalizou a deputada.

 “Marx não é cartilha. Marx não pode ser lido como uma cartilha de ações a tomar”, vincou Mariana Mortágua, referindo que “qualquer político que se posicione no panorama político nacional tem de ter uma análise crítica do mundo em que vive”.

“Tem de ter uma análise que enquadre e que tente perceber de onde vêm as desigualdades sociais, as desigualdades económicas. O grande contributo de Karl Marx é ter-nos dado, provavelmente, a mais completa e mais lúcida grelha de análise para o sistema capitalista”, acrescentou.

Para a dirigente do Bloco, “é essa grelha de análise que se pode hoje utilizar e reavivar para os vários elementos da sociedade e da política contemporânea e a partir dessa análise tirar conclusões” e assumir uma posição sobre políticas concretas.

 

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