Na sua mensagem de Ano Novo, o Presidente da República lembrou a efeméride dos 50 anos do 25 de Abril para defender a necessidade de renovar a democracia. Referiu também a situação internacional e o papel da Europa, bem como a necessidade de corrigir as desigualdades e combater a pobreza em Portugal com uma economia a crescer.
Na reação às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, o dirigente bloquista Bruno Maia defendeu que “quando falamos de Abril, da democracia e do futuro, é bom que não esqueçamos que em Portugal esse futuro e essa democracia se faz tendo como sustentáculo o serviço de saúde público, a escola pública e o direito à habitação”, temas que estranhou estarem ausentes das preocupações do Presidente neste discurso numa altura em que “o povo não vê soluções concretas para melhorar o SNS, para ter acesso a casa ou para ter professores na sua escola” e as políticas do Governo vão no sentido contrário nestas três áreas que para o Bloco são a prioridade da democracia em Portugal.
Em particular quanto à situação na saúde, “o Presidente da República não deu uma palavra sobre o SNS que enfrenta dias tumultuosos, com urgências fechadas, falta de acesso de mulheres grávidas a um serviço de urgência ou um bloco de partos”, criticou.
Sobre a referência de Marcelo ao combate às desigualdades, Bruno Maia recordou que o atual Governo deu prioridade a medidas como a redução do IRC e no IRS jovem, que “aumenta as desigualdades entre os jovens e com borlas fiscais às grandes empresas que tiveram lucros excessivos”.
O outro tema ausente da mensagem Marcelo foi “o genocídio que está há 15 meses a ocorrer todos os dias”,com todo o mundo “a ver crianças a serem assassinadas pelo estado de Israel e o direito internacional a ser enterrado nos escombros da Faixa de Gaza”.
“A cada hora morre uma criança na Faixa de Gaza e esta semana Israel destruiu o último hospital que estava de pé e prendeu o seu diretor”, prosseguiu Bruno Maia, concluindo que o tema merecia estar incluído no discurso presidencial, nomeadamente no sentido de “incitar Portugal a juntar-se à Espanha, Irlanda e Noruega e reconhecer o Estado da Palestina. Não vale a pena defender a solução de dois estados e não reconhecer um deles, o que está sob ocupação há muitas décadas e atualmente a sofrer um genocídio”.