O processo será gradual, com o primeiro passo a passar pelo abandono do Exchange e do Outlook e a adoção do Open-Xchange, uma alternativa de software de código aberto. Os planos prevêem posteriormente a substituição do browser Internet Explorer pelo Firefox e a instalação do OpenOffice em substituição do Office. O passo final será dado em 2019: prescindir do Windows para introduzir um sistema operativo Linux como o Ubuntu, que já está a ser utilizado atualmente em 1000 computadores da autarquia.
“Os fundos que vêm dos cidadãos têm de ser investidos em sistemas que possam ser reutilizados e abrir um ecossistema local”, defendeu a Comissária para a Inovação Digital do Município de Barcelona, Francesca Bria, em dezembro passado.
Em declarações ao El País, Bria referiu que o município de Barcelona será o primeiro a aderir à campanha europeia Public Money, Public Code.
O objectivo da autarquia é evitar despesas em serviços que têm avultados custos de licenças e não depender de fornecedores concretos mediante a celebração de contratos que, em alguns casos, têm a duração de décadas.
A Comissária para a Inovação Digital, que, antes de trabalhar na equipa de Ada Colau, passou pela agência de inovação tecnológica do governo inglês, a NESTA, explicou que a estratégia de software livre não se resume às aplicações que o município consome, incluindo ainda os projetos de desenvolvimento de ferramentas próprias, seja a nível interno como externo. No total, antes do final de mandato, na primavera de 2019, a autarquia compromete-se a investir 70% do orçamento de informática em software livre.
Para reforçar o desenvolvimento interno de tecnologia, a Câmara de Barcelona contratará mais 65 informáticos. No que respeita à externalização, o município definiu “padrões éticos”para priorizar a contratação de “empresas locais que trabalham com software livre e metodologias ágeis”.
Francesca Bria garantiu que prescindir do software de grandes empresas não se traduzirá numa quebra de segurança dos sistemas municipais. Visando proteger a privacidade, Barcelona está a trabalhar com a capital holandesa para criar uma pasta privada para cada cidadão. Nela serão alojados os dados que a autarquia tem da pessoa. O objetivo é, segundo Bria, assegurar a “soberania tecnológica”.
A Comissária para a Inovação Digital anunciou para este mês a nomeação de um comissário de Proteção de Dados, sinalizando que Barcelona “será a primeira cidade do sul do Mediterrâneo a ter esta figura”.